Este texto abre a série sobre pragas urbanas. Antes de começar a escrevê-lo, fiz a seguinte para meus amigos: “Qual é o primeiro bicho que vem à mente quando você pensa em praga urbana?”. Mesmo com as intensas campanhas contra o Aedes aegypti e a preocupação com as doenças transmitidas pelo mosquito, a resposta mais comum foi “Baratas!”. Veja as respostas dos meus amigos na figura abaixo.
Então, nada mais óbvio do que começar essa série de textos com as famosas baratas. Venha descobrir curiosidades, verdades e mitos sobre as pragas que se espalham pelas cidades.
As baratas são insetos muito antigos que mudaram muito pouco nos últimos 250 milhões de anos. Veja abaixo uma imagem de fóssil de uma espécie de barata que viveu há aproximadamente 40 milhões de anos.
Existem mais de 3500 espécies já catalogadas, muitas delas muito bonitas. Veja alguns exemplos neste link (http://morgana249.blogspot.com.br/2014/10/images-of-most-beautiful-cockroaches.html). Infelizmente, as duas espécies mais comuns nas cidades não são tão bonitas: barata america (Periplaneta americana) e barata alemã (Blattella germanica).
Verdade ou mito?
1. As baratas podem transmitir doenças
Verdade!
As baratas podem carregar 40 espécies diferentes de bactérias que podem causar danos à saúde dos humanos como, por exemplo, diarreia, febre, infecções intestinais e infeções urinárias. As baratas também podem transportar ovos de vermes como esquistossomo, tênia e lombriga, além de fungos e vírus. Essa capacidade somada ao hábito de alimentar-se de alimentos e fezes humanos tornam a presença desses insetos um risco à nossa saúde.
2. Baratas voadoras são diferentes das baratas de esgoto
Mito!
Todas as espécies de baratas encontradas em ambientes urbanos são capazes de voar. Em geral, elas movimentam-se pelo chão ou pelas paredes, mas são capazes de voar distâncias curtas, especialmente em dias mais quentes.
Curiosidades
Onde surgiram e como se espalharam pelo mundo?
A barata americana tem sua origem na parte tropical da África e foi levada primeiramente para a América e para Ásia com a expansão do comércio entre continentes. Com o tempo, esta espécie conseguiu ocupar regiões subtropicais e algumas regiões de clima temperado.
Estudos indicam que a barata alemã surgiu na Ásia, espalhou-se até a Europa e, a partir daí, chegou à América. Ao contrário da barata americana, ela prefere ambientes mais frios e é encontrada em maior abundância em regiões de clima temperado.
Por quanto tempo vive uma barata?
A barata americana vive em média por um ano. Porém, em condições adversas, como em escassez de alimentos, ela vive por aproximadamente 100 dias. Se as condições forem muito favoráveis, a barata americana pode viver por até três anos.
A barata alemã tem uma vida mais curta, que varia de 200 a 300 dias.
Prevenção e combate
Baratas podem entrar em uma residência pelo encanamento, pelas portas e janelas ou dentro de caixas e outros objetos. Então, recomenda-se manter ralos fechados, ter portas e janelas com vedação e inspecionar objetos que são trazidos de lugares com suspeita de infestação.
Também é importante manter o ambiente limpo e organizado, de forma a minimizar a quantidade de alimento e abrigo disponíveis. Guarde alimentos em potes com tampa, evite acumular caixas vazias e esvazie lixeiras com frequência. Apesar da limpeza nem sempre ser suficiente para manter sua residência livre de pragas, a falta de alimento e abrigo mantém as baratas sob estresse e facilita o controle usando outros métodos.
É possível encontrar em supermercados diversos tipos de armadilhas e inseticidas próprios para baratas. As armadilhas são mais efetivas quando o número de baratas é pequeno. Quando há uma grande infestação, é mais recomendável usar o controle químico com compostos que atacam o sistema nervoso ou o metabolismo dos insetos. Em casos mais extremos, pode ser necessária a contratação de empresas de dedetização.
Apesar da barata ser o tipo de praga mais lembrado, a presença dela não costuma levar as pessoas a requisitar serviços de controle de pragas. Pesquisadores investigaram as solicitações para controle de pragas da Unidade de Vigilância Ambiental de uma subprefeitura do município de São Paulo. A pesquisa revelou que quase 90% das solicitações de controle de pragas estava relacionada à presença de roedores no local. Apenas 9% das solicitações foram resultado da presença de baratas e a maior parte das solicitações foram demandadas por creches, escolas municipais, unidades de saúde e outras instituições públicas [4].
Isso me faz pensar que as baratas são as mais lembradas, mas não as mais preocupantes. Então, o próximo texto desta série será sobre os roedores presentes em ambientes urbanos. Se você ficou curioso, então acompanhe nossas publicações!
O tema desta matéria foi sugerido por um leitor. Nós adoramos receber sugestões de temas! Então, se você quer saber mais sobre algum assunto, mande uma mensagem por e-mail ou na nossa página do Facebook.
Por Patricia S. Sujii
sujiips@gmail.com
Referências
[1] Cochran, D. G., & World Health Organization. (1999). Cockroaches: their biology, distribution and control. Disponível em: http://www.who.int/iris/handle/10665/65846
[2] http://entnemdept.ufl.edu/creatures/urban/roaches/american_cockroach.htm
[3] Vršanský, P., Oružinský, R., Barna, P., & Labandeira, C. C. (2014). Native Ectobius (Blattaria: Ectobiidae) from the early Eocene Green River Formation of Colorado and its reintroduction to North America 49 Million years later. Annals of the Entomological Society of America, 107(1), 28-36.
[4] Zorzenon, F. J. (2002). Noções sobre as principais pragas urbanas. Biológico, São Paulo, 64(2), 231-234.
Ótimo conteúdo, Adorei!
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