Olá! 

Meu nome é Patricia Sujii e esse é o “Quem nunca? – histórias que a gente vive, mas os artigos não contam”, uma série de crônicas do Ciência Informativa.

A ideia desse podcast é mostrar as pessoas que fazem e que vivem a ciência, sejam elas cientistas ou não. Porquê por trás de cada descoberta científica e de cada carreira acadêmica existem muitas experiências humanas. 

Hoje, a gente vai ouvir o relato do Dr. Ciro Joko, ecológo, professor e coordenador do curso de Ciências Biológicas, que virou biólogo meio que por acidente. Eu estava procurando histórias de amor na ciência para esse nosso mês temático e eu sabia que o Ciro tinha trabalho com a esposa no laboratório (na época eles ainda eram namorados). Então, eu pedi pra ele me contar esse causo de como a namorar a Elisa fez com que ele começasse a gostar de biologia. 

Afinal, quem nunca mudou de ideia graças à namorada? 

É, porque realmente, a minha entrada na biologia, ela não foi nada convencional. Durante o ensino médio eu tinha muita dificuldade com a questão da biologia, ela era uma coisa que não entrava na minha cabeça de jeito nenhum, inclusive, foi o problema em relação ao meu histórico escolar (as ciências biológicas), é uma coisa que eu carrego até hoje, mas enfim, eu nunca imaginei entrar no curso de ciências biológicas, foi tudo muito por acaso.

Minha primeira opção sempre foi desenho industrial. Eu tinha isso como foco, como meta, me inscrevi no vestibular para desenho industrial, só que tinha uma questão da prova específica e a prova específica é dividida em duas partes, uma é a prova prática e a outra teórica. A prova prática foi no primeiro dia e começava às 14:30 e a prova teórica foi no outro dia e começava às 14:00. E qual foi o problema? Eu não tinha me atentado que as duas tinham horários distintos, então, eu estava conversando com a minha mãe agora, recentemente, e ela estava até lembrando que ela chegou em casa e me viu lá no sofá e falou  “Por que você não está na prova?” e eu falei “Eita! Como assim prova? A prova é às 14:30.” e ela “Não, o pessoal já está entrando”, como eu morava perto da UnB eu saí correndo e, apesar de tudo, eu consegui entrar, enfim.

Eu achei que aquele vestibular já tinha ido e simplesmente achei que já tinha perdido. Aí nas férias daquele ano eu viajei para a fazenda de um amigo e lá eu conheci uma garota, a Elisa, e aí a gente ficou na época e depois a gente começou a namorar. Então, durante dezembro, janeiro e fevereiro a gente estava firmando o relacionamento e um dia eu estava lá em casa e me ligaram, falaram “Ciro, você passou no vestibular!”, “Como assim? Passei no vestibular?!”

Eu não tinha me atentado que quando você tem a prova, quando você se inscreve num curso e que tem uma prova prática, você tem que ter uma segunda opção de curso. E eu só fui lembrar depois que me falaram, enfim, depois que eu descobri que eu passei, que eu fui lá na UnB verificar se eu tinha passado mesmo porque, até então, não sabia que eu tinha passado. Bom, quando eu cheguei lá na Unb, eu vi meu nomezinho lá, tava lá, Ciro Joko , eu fiquei super feliz e depois eu fui caminhando, caminhando, caminhando e até que eu descobri qual era o curso que eu tinha passado, que era ciências biológicas, e o meu histórico, ele não era muito legal em relação às ciências biológicas.

E aí voltando no tempo, um ano antes, quando você tinha que decidir a questão do curso, eu lembro muito bem, eu lembrei, veio aquela memória que eu falei “Cara, que segunda opção eu preencho aqui?” E quando eu olhei para o meu amigo, Leandro, o bicho tinha colocado ciências biológicas e não sei porquê eu coloquei ciências biológicas, enfim, eu xingo ele, xinguei ele por muito tempo por isso, mas eu fui tentar, né? Fui tentar fazer o curso. Mas aí foi bem legal, por que? Porque quando eu descobri que eu passei para ciências biológicas, a Elisa, ela já tinha feito ciências biológicas e agora ela estava no mestrado.

E quando eu entrei no curso mesmo, eu fui ajudar ela nos projetos dela do mestrado, que era uma coisa bem legal que era para ir para campo, para fazer coleta de água lá em um lago aqui de Brasília, no reservatório aqui de Brasília, e foi uma experiência muito bacana.

E aí eu já fui, né? Como eu fui acompanhando ela dentro do projeto dela, a própria professora que era orientadora dela, ela me chamou para entrar e para fazer uma pesquisa com ela que depois se tornou o meu Pibic, meu primeiro Pibic. Bom, foi bem legal porquê eu comecei a mexer com algo que eu nunca imaginei que ia mexer, que era bichos microscópicos, mas como eu gostava de desenhar, então aquelas formas diferentes, e aí eu falo logo dos Rotíferos, aquilo me chamou muita atenção, porquê são organismos assim que eu nem imaginaria que eram animais e eu não imaginaria que existia, nunca imaginaria algo tão, com formato tão fascinante, tão microscópico e tão pequeno.

Então assim, foi legal, eu comecei a querer desenhar mais e mais esses bichos. A questão da Eliza estar no mesmo laboratório me fez ter com quem conversar, me aprofundar mais e ficar mais interessado em relação à limnologia. Depois que ela acabou o mestrado, ela foi dar aula e eu ainda estava finalizando a graduação, eu acabei a graduação e aí a gente decidiu juntos fazer uma pós, ela fazer o doutorado, eu fazer um mestrado e aí a gente foi tentar Maringá. E aí é uma prova específica, é muito forte na questão de limnologia. Ela passou no doutorado lá e eu não passei no mestrado. Aí eu fiquei 6 meses estudando e na outra seleção consegui passar e aí a gente viveu 7 anos em Maringá, até ela concluir. Ela concluiu o doutorado, eu fiz meu mestrado, depois fiz meu doutorado e antes de eu finalizar o meu doutorado, ela passou no concurso da Capes, aqui em Brasília e eu fiquei até 2011 lá, quando eu consegui um emprego aqui numa faculdade aqui de Brasília e retornei para Brasília, enfim. E aí assim, 2014, a gente teve uma filha, uma filha de 7 anos e quando passo, paro e penso sobre a minha jornada, sobre o que eu faço para sustentar a minha família hoje em dia, eu penso que começou lá naquele equívoco, lá em 98 que foi um ano antes da segunda fase do PAS. Foi naquele equívoco lá 98 que me fez passar na biologia, conviver mais com a Elisa, fez eu começar gostar de algo que antes para mim parecia impossível gostar e que hoje em dia é o meu sustento, é meu ganha pão e é algo que eu não me vejo sem. Tudo o que eu faço hoje em dia eu penso na questão da biologia, mesmo quando eu desenho, hoje em dia, é tudo relacionado à biologia e sempre que eu penso em fazer alguma outra coisa também vai ser relacionada às ciências, a biologia, enfim.

Esse foi nosso quinto episódio do “Quem nunca? – histórias que a gente vive, mas os artigos não contam”. Diferente dos episódios anteriores, esse relato foi bem mais espontâneo. A gente teve essa conversa sentados no chão, embaixo de um bloco em Brasília. Quem é daqui sabe bem do que eu to falando.

O que vocês acharam desse formato mais espontâneo? Esse podcast ainda tá na fase exploratória, estamos testando formatos e a opinião de vocês é muito importante pra guiar nossas escolhas! Então, mandem seus comentários e suas sugestões pra gente nas nossas redes sociais!

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Obrigada por nos ler e até a próxima!

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