Estudos indicam que sim. É claro que o ser humano pode ser corrompido independente do seu gênero, e não é possível afirmar que mulheres são intrinsecamente menos corruptas do que homens, mas uma pesquisa publicada em 2018 na Journal of Economic Behaviour & Organization mostrou que a presença de governantes mulheres têm um impacto negativo sobre a corrupção. Em países da Europa, por exemplo, os governos apresentaram menores taxas de suborno nas regiões representadas por um maior número de mulheres.
A análise, que usou métodos estatísticos, foi realizada em mais de 125 países e a relação inclui diversas variáveis como fatores econômicos, culturais e institucionais. Nós poderíamos pensar que a relação entre representantes mulheres e menor corrupção pode diminuir quando as mulheres apresentarem o mesmo status social que homens. Dessa forma, as mulheres teriam mais acesso às redes de corrupção e aprenderiam sobre como participar de atividades corruptas no governo. Porém, esse estudo mostrou o contrário: nos países em que as mulheres têm um maior status de igualdade, menores níveis de corrupção foram encontrados.
É difícil afirmar as razões pelas quais mulheres estão associadas a menores níveis de corrupção. Os autores sugerem que as governantes mulheres podem ter um impacto sobre a corrupção porque escolhem políticas diferentes dos homens, que estão mais relacionadas com o bem-estar das mulheres, crianças e família.
Estudos anteriores também mostram a associação de mulheres na política e melhorias em setores como saúde e educação. Segundo os autores, esse estudo revela a importância da necessidade da representação das mulheres em cargos de liderança e na política.
É importante mencionar que, infelizmente, as mulheres representantes de governos são minorias na maior parte dos países, incluindo o Brasil. Nas últimas eleições, os brasileiros elegeram mulheres para representar apenas 15% do poder legislativo. Apesar da representatividade das parlamentares ter aumentado quando comparamos com índices de 2014, de 9,9% para 15,6% na Câmara dos Deputados e de 14,8% para 16% no Senado Federal, o país ocupa a 132ª posição na lista de 193 países do ranking mundial de presença feminina em Parlamento. O Brasil ainda está longe de países como Argentina, que ocupa o 17º lugar com cerca de 38.9% das mulheres na câmara e 42% no Senado, e Moçambique e França que ocupam juntas o 14º lugar com 39.6% das mulheres na Câmara.
Apesar do cenário estar melhorando, ainda há muito a fazer para as mulheres conquistarem seu espaço na política brasileira.
por Bianca Ribeiro
Referência:
Chandan Kumar Jha, Sudipta Sarangi. Women and corruption: What positions must they hold to make a difference?Journal of Economic Behavior & Organization, 2018; 151: 219 DOI: 10.1016/j.jebo.2018.03.021
Women in national parliaments. http://archive.ipu.org/wmn-e/classif.htm Acessado em março de 2019.
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/percentual-de-mulheres-eleitas-para-a-camara-cresce-de-10-para-15.shtml Acessado em março de 2019.