Uma pesquisa realizada pela ONU (Organização das Nações Unidas) mostra que poucas mulheres atuam nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM, na sigla em inglês). Apenas 35% dos alunos matriculados nesses cursos em universidades são do sexo feminino e, quando se trata de engenharias, esse número cai para 28%.

A razão da baixa representatividade de mulheres nessas áreas de conhecimento, segundo uma pesquisa feita pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), é a criação de estereótipos a partir da desigualdade de gênero enfrentada pelas mulheres. É muito comum ouvir que homens são bons nas áreas de ciências exatas e mulheres são boas nas áreas de ciências humanas. Porém, não há estudos que comprovem a existência de fatores biológicos relacionados com a diferença em STEM entre homens e mulheres. Um estudo realizado na Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia, mostrou que as pessoas que escolhem se especializar em STEM, geralmente apresentam boas notas em matemática, mas notas moderadas em capacidade de comunicação verbal e escrita. As mulheres conseguem apresentar notas tão boas quanto homens em matemática, e apresentam notas superiores aos homens em capacidade de comunicação verbal e escrita. Os pesquisadores explicam que mulheres acabam escolhendo outras oportunidades que consideram mais atrativas, provavelmente pela criação de estereótipos e desigualdade de gênero criada pela sociedade. No ano passado, o MEC (Ministério da Educação) listou os 10 cursos universitários mais escolhidos por mulheres e os 10 cursos mais escolhidos por homens. Enquanto que a maioria das mulheres escolhem cursos relacionados com a ação de cuidar, como pedagogia, enfermagem, psicologia, fisioterapia e assistência social, os homens escolhem as áreas de engenharias e tecnologias.

No Brasil, um estudo realizado pelo Laboratório Latino-americano de Avaliação da Qualidade da Educação, mostra que meninas têm desempenho melhor do que meninos em matemática até o 4º ano do ensino fundamental, porém, no 7º ano do ensino fundamental, os meninos têm desempenho melhor do que meninas. Durante esse intervalo entre o 4º ano e o 7º ano do ensino fundamental, as meninas são desestimuladas a gostarem de exatas pela criação de estereótipos de gênero e consequentemente elas prestam mais atenção em outras aulas fazendo com que escolham outras áreas de conhecimento para suas futuras carreiras.

Para reverter o cenário de poucas mulheres em STEM, os países precisam investir em políticas de inclusão apropriadas para encorajá-las a desconstruir estereótipos e seguirem com sua vocação. A Austrália, por exemplo, tem investindo milhões para promover inclusão de meninas em STEM, com a oportunidade de oferta de bolsas de estudos e programas para encorajar a participação feminina.

No Brasil, há muitos projetos em andamento para acabar com estereótipos resultantes da desigualdade de gênero dentro das escolas. Na Faculdade de Tecnologia de São Paulo (FATEC), professoras e seus alunos realizam workshops de ciência e também minicursos e oficinas sobre temas relacionados à programação para alunas da rede pública. A Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) em Sorocaba apresenta um projeto para meninas do 5º ao 9º do ensino fundamental terem contato com pesquisadoras e conhecerem seus trabalhos e laboratórios. Neste ano, a Universidade de São Paulo (USP) vai oferecer uma escola de verão gratuita para meninas conhecerem muitas possibilidades de carreira em áreas de tecnologia e empreendedorismo, e além disso, aprenderem a transformar ideias em aplicativos. A Faculdade de Tecnologia na UnB tem um projeto junto a escolas de ensino médio chamado Meninas Velozes. Nele, as meninas aprendem sobre automóveis de competição e são incentivadas a escolher carreiras relacionadas às engenharias.

equidade de gênero nas áreas de engenharias mecânica e automotiva

Apesar de tantos projetos em andamento, muito ainda precisa ser feito para que meninas não se sintam desestimuladas a trabalhar nas áreas de STEM pelos estereótipos criados pela desigualdade de gênero da nossa sociedade. Esperançosamente veremos um cenário mais igualitário no futuro.

por Bianca Ribeiro

 

Referências

https://noticias.r7.com/educacao/lugar-de-menina-e-nas-ciencias-exatas-e-na-tecnologia-08032019 Acessado em março de 2019.

https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/pordentrodasprofissoes/confira-os-10-cursos-preferidos-por-homens-e-por-mulheres/ Acessado em março de 2019.

Gender differences in individual variation in academic grades fail to fit expected patterns for STEM. R. E. O’Dea, M. Lagisz, M. D. Jennions & S. Nakagawa. Nature Communications. (2018) https://www.nature.com/articles/s41467-018-06292-0

https://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2018/07/mulheres-sao-minoria-nas-ciencias-diz-pesquisadora-da-unesco.html Acessado em março de 2019.

https://exame.abril.com.br/tecnologia/usp-oferece-curso-de-programacao-para-garotas-de-10-a-18-anos/Acessado em março de 2019.

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