Chorar é um ato muito frequente em nossas vidas, seja pela tristeza da perda de alguém querido, pela dor de chutar o pé da mesa com o dedo mindinho ou pela alegria de conquistar um título. O choro pode se manifestar de diversas maneiras. Em um extremo, existe o choro de medo ou fome dos bebês, em que a criança aperta os olhos com toda força e grita, chegando a ficar com o rosto vermelho. No outro extremo, existe o choro melancólico e contido, em que as lágrimas escorrem pelo rosto, mas sem grandes modificações na feição e mesmo na respiração.

Existem vários estudos sobre os motivos psicológicos que nos levam a chorar e várias explicações fisiológicas para as reações físicas do choro. Neste texto, vamos explorar um pouco mais essa segunda parte, discutindo sobre os motivos de fecharmos os olhos, de lacrimejarmos e de soluçarmos quando choramos.

Não existem ainda um consenso sobre a origem evolutiva do choro, nem sobre a presença dessa reação em diferentes espécies. Existem, no entanto, várias pessoas que já se dedicaram a esse estudo. O caso mais simples é o que acontece quando cortamos uma cebola ou quando cai um cílio dentro do olho. Nós lacrimejamos para limpar os olhos dos compostos voláteis ou objetos estranhos.Victoria Crying

Charles Darwin, em seu livro “A expressão das emoções nos homens e nos animais” discutiu e descreveu o ato de chorar, com especial atenção aos bebês. Inicialmente, no momento do choro, os bebês gritam para chamar a atenção dos pais e têm sua respiração intensificada, o que aumenta a pressão sanguínea e leva à contração dos músculos ao redor dos olhos para proteção dos vasos sanguíneos delicados do globo ocular. A contração dos músculos e a dilatação dos vasos sanguíneos dos olhos estimulam as glândulas lacrimais, por ação reflexa. Então, lacrimejar é um reflexo de todas as outras reações anteriores.

Se você já viu um recém-nascido chorando, pode estar se perguntando: “mas por que eles não lacrimejam quando choram?”. Simplesmente porque os bebês recém-nascidos ainda não têm as glândulas lacrimais completamente desenvolvidas. O desenvolvimento completo varia muito entre crianças, mas em geral leva aproximadamente 100 dias.

O que dizer sobre o choro melancólico ou mais contido? Diferentemente dos bebês, quando vemos um filme emocionante ou quando ficamos tristes, nossos olhos se enchem de lágrimas, mas aparentemente, não há grandes mudanças na respiração, nem contraímos os músculos do rosto com força. Também é frequente ver pessoas chorando sem ao menos fechar os olhos. Sem os estímulos físicos, não haveria razão para as glândulas lacrimais produzirem tantas lágrimas. A explicação mais aceita até agora diz que nosso cérebro aprende a fazer uma associação entre fortes emoções e estímulo das glândulas lacrimais. Então, quando sentimos fortes emoções, lacrimejamos pelo costume aprendido desde bebê.

Continue acompanhando nossas matérias, que ainda temos muitos “Por que?” para responder até o fim do mês!

por Patricia S. Sujii

sujiips@gmail.com

Referências
[1] Darwin, C. (2000). A expressão das emoções no homem e nos animais. São Paulo: Companhia das Letras.
[2] Murube, J. (2009). Tear apparatus of animals: do they weep?. The ocular surface, 7(3), 121-127.

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