Nesse período de pandemia temos ouvido muito sobre o causador da COVID-19, o novo coronavírus SARS – CoV – 2. Esse ser microscópico, que não pode ser observado a olho nu, não deve ser confundido com outros seres também microscópicos: as bactérias e os fungos. Existem várias razões para que vírus, bactérias e fungos não sejam confundidos, pois estamos nos referindo a seres totalmente diferentes em vários aspectos como sua constituição (do que eles são formados), sua bioquímica (como funcionam), sua ação (como agem), dentre outros.

Um ponto muito importante que deve ser destacado é que nem todo ser microscópico é um causador de doenças. Prova disso é que temos bactérias e fungos que são importantíssimos para o ser humano, visto que muitos produtos que utilizamos no nosso cotidiano só foram descobertos e/ou produzidos a partir deles.

Aqui no Ciência Informativa, por exemplo, já conversamos sobre os microrganismos probióticos, aqueles que são inseridos intencionalmente em alimentos durante sua produção para que, após a ingestão, possam atuar positivamente sobre a saúde humana (confira clicando aqui). Além desse grupo, existem muitos micro-organismos que são utilizados a nosso favor! Por exemplo: o antibiótico penicilina foi descoberto por Alexander Fleming, em 1928, após o que foi considerado “um acidente” no laboratório: a contaminação de uma cultura de células bacterianas por um fungo impediu a multiplicação das bactérias. Descobria-se, assim, um produto, liberado por um fungo, que poderia ser usado contra bactérias patogênicas (causadoras de doenças).

Outra ação positiva dos micro-organismos é a biorremediação. Esse processo utiliza micro-organismos (ou compostos produzidos por eles, como enzimas) para diminuir a contaminação do meio ambiente por metais pesados, por exemplo. Nessa prática, utilizam-se micro-organismos capazes de realizar a degradação de compostos tóxicos em ambientes terrestres e aquáticos. Essa técnica pode ajudar na descontaminação, pois muitas vezes os micro-organismos de um determinado local não são capazes de degradar os compostos tóxicos ali gerados. Esse assunto também foi tema de uma publicação do Ciência Informativa e você pode ler este texto neste link.

Até mesmo os automóveis podem ser movidos devido à ação de micro-organismos: a fermentação de açúcares por fungos leveduriformes (conhecidos como leveduras) resultam na produção do etanol utilizado como combustível.

Bem, esses são apenas alguns exemplos de como os micro-organismos podem ser empregados a nosso favor. E essa atuação também é muito expressiva na indústria na produção de alimentos e bebidas como vinho, pão, queijo, cerveja, iogurte e leite fermentado, por exemplo.

Você sabia que os micro-organismos podem ser utilizados na produção de alimentos e bebidas? Quer saber mais a respeito desse assunto? Acompanhe os nossos textos no mês de novembro!

 

Por Cínthia Hoch B. de Souza

cinthiahoch@yahoo.com.br

 

Referências:

Copetti, M.V. Yeasts and molds in fermented food production: an ancient bioprocess. Current Opinion in Food Science, v.25, p.57-61, 2019.

De Vuyst, J.R.L. Acetic acid bacteria in fermented foods and beverages. Current Opinion in Biotechnology, v.49, 115-119, 2018.

Ferreira, M. V. C.; Paes, V. R.; Lichtenstein, A. Penicilina: oitenta anos. Revista De Medicina, v.87, n.4, p.272-276, 2008.

Imagem de capa: Pixabay.

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