Certamente você conhece alguma propaganda sobre alimentos que contém micro-organismos vivos. Mais do que isso, você pode ter consumido esses alimentos – aqueles que possuem os famosos lactobacilos vivos. Afinal, que alimentos são esses e o que estes micro-organismos podem fazer em nosso corpo? Como conversamos na postagem anterior, os alimentos funcionais compreendem diferentes grupos. Um deles é o grupo chamado de probiótico.

Probióticos são micro-organismos que podem ser ingeridos pelo ser humano, ou seja, eles são benéficos e não causam problemas para a nossa saúde. Os principais micro-organismos utilizados em alimentos no mundo todo como probióticos são bactérias de dois grupos chamados de “Lactobacillus” e “Bifidobacterium”. Como exemplo, podemos citar o Bifidobacterium animalis Bb-12 e o Lactobacillus acidophilus La-5. Essas bactérias não causam mal ao ser humano e o efeito positivo delas sobre a nossa saúde, como redução de infecções gastrintestinais, já foi estudado e comprovado através de pesquisas científicas. Essas bactérias são utilizadas na fabricação de alimentos lácteos probióticos, como iogurtes, queijos, leites fermentados e sorvetes.

Para que uma bactéria seja considerada probiótica, ela deve atender a alguns requisitos, como por exemplo, sobreviver à passagem pelo nosso sistema digestório, interagir com a mucosa intestinal e, claro, não causar doença ao ser humano. Atendendo a esses requisitos, a bactéria poderá ser adicionada aos alimentos, pois será classificada como sendo segura para nosso organismo e conseguirá chegar viva ao intestino grosso, que é o seu local de ação no nosso corpo. Então não se esqueça: as bactérias probióticas são do bem!

Quando as bactérias probióticas chegam ao intestino humano, sua ação local ocorre através de um mecanismo denominado “exclusão competitiva”. Funciona como uma competição mesmo. Os probióticos se ligam às células e forram a nossa superfície intestinal como se tivessem instalados lá. Quando algum micro-organismo patogênico (causador de doença) chega até lá (por exemplo, através da ingestão de um alimento contaminado) não há espaço para que ele se ligue às nossas células, ou seja, ele não consegue se instalar na mucosa intestinal. Isso diminui muito a chance de ocorrer alguma doença, pois se não há lugar para o contaminante se instalar, ele acaba sendo eliminado com as fezes. Além disso, as bactérias probióticas também agem contra os micro-organismos que causam doença através da competição por nutrientes e produzindo substâncias tóxicas. Resumindo, os probióticos são capazes de eliminar os patógenos através de três ações: evitando que eles se instalem em nosso intestino, consumindo os nutrientes que eles precisam e produzindo algumas substâncias tóxicas contra eles (apenas para os patogênicos!). É importante lembrar que para que essa ação ocorra sempre em nosso organismo o consumo de probióticos deve ser diário.

E será que existe alguma forma de aumentarmos a quantidade de probióticos no nosso organismo após sua ingestão? A resposta é sim: consumindo outro grupo de alimentos, chamado de prebióticos. Prebiótico é o nome dado a um tipo de fibra que nosso organismo não consegue digerir. Assim como os probióticos, os prebióticos também devem atender a alguns pré-requisitos para serem incorporados industrialmente aos alimentos: devem resistir ao processo de digestão no organismo humano e servirem de alimento somente para as bactérias benéficas presentes em nosso intestino.

Você deve estar imaginando que por isso não precisamos consumir esse tipo de alimento, mas precisamos sim! Nosso organismo não consegue digerir as fibras prebióticas, pois nós não produzimos as enzimas necessárias para isto. No entanto, as bactérias probióticas sim! Então, quando nós consumimos prebióticos, estamos fornecendo substâncias que serão utilizadas como alimento por estas bactérias benéficas que estão no nosso intestino. Quando essas bactérias utilizam essas fibras temos uma multiplicação de probióticos em nosso intestino. Com esse aumento, nosso organismo terá ainda mais bactérias do bem agindo na mucosa intestinal contra os patógenos.  Além disso, ao se “alimentarem” de prebióticos, os probióticos produzem importantes substâncias que são utilizadas pelo nosso organismo como fonte de energia e outras que auxiliam na absorção de minerais como o cálcio e ferro.

Os principais prebióticos utilizados pela indústria de alimentos mundial são chamados de fruto-oligossacarídeos (FOS) e de inulina. Esses prebióticos podem ser encontrados naturalmente em alimentos como cebola, alcachofra, aspargos, banana, alho e raízes da chicória.  Esses compostos também podem ser encontrados em alimentos prebióticos industrializados, como pães, sucos, bolachas e produtos lácteos (queijos e iogurtes, por exemplo). Quando um alimento é adicionado de prebiótico e probiótico juntos temos o que é chamado de alimento simbiótico.

Como podemos ver, tanto os probióticos como os prebióticos são muito importantes para nossa saúde. No nosso próximo texto vamos falar sobre como esses alimentos são fabricados, ou seja, como os probióticos e prebióticos são inseridos nos alimentos que você encontra disponíveis para consumo.

 

Por

Cínthia Hoch B. de Souza

cinthiahoch@yahoo.com.br

 

Referências:

Gibson, G.R.; Hutkins, R.; Sanders, M.E.; Prescott, S.L.; Reimer, R.A.; Salminen, S.J., et al. Expert consensus document: The International Scientific Association for Probiotics and Prebiotics (ISAPP) consensus statement on the definition and scope of prebiotics. Nature Reviews Gastroenterology & Hepatology, v.14, p.491–502, 2017.

Haschke, F., Wang, W., Ping, G., Varavithya, W., Podhipak, A., Rochat, F., et al. Clinical trials prove the safety and efficacy of the probiotic strain Bifidobacterium Bb12 in follow-up formula and growing-up milks. Monatsschr Kinderheilkd, v.146, suppl.1, p.26-30, 1998.

Hill, C., Guarner, F., Reid, G., Gibson, G. R., Merensterin, D. J., Pot, B., et al. Expert consensus document. The International Scientific Association for Probiotics and Prebiotics consensus statement on the scope and appropriate use of the term probiotic. Nature Reviews Gastroenterology & Hepatology, v.11, p.506–514, 2014.

Juntunen, M., Kirjavainen, P.V., Ouwehand, A.C., Salminen, S.J., Isolauri, E. Adherence of probiotic bacteria to human intestinal mucus in healthy infants and during rotavirus infection. Clinical and Diagnostic Laboratory Immunology, v.8, n.2, p.293-296, 2001.

 

Imagem de capa: Pixabay

2 Replies to “Entenda a diferença entre os alimentos probióticos, prebióticos e simbióticos e saiba a importância deles para sua saúde!”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.