Espirrar é um ato rotineiro para a grande maioria das pessoas, embora seja ainda mais comum para algumas, como por exemplo, em pessoas que estão gripadas ou resfriadas. Mas os espirros não ocorrem apenas nestas situações, ocorrem por diferentes motivos e muitas vezes não conseguimos identificar o porquê.

O espirro é uma reação involuntária do organismo devido à presença de partículas – como pólen, poeira e/ou também pela presença de microrganismos em nossas vias respiratórias (nariz, garganta e/ou boca). Desta forma, sua função é expelir algo que esta causando algum tipo de incomodo. Isso explica o porque espirramos quando estamos em locais muito perfumados ou empoeirados.

Além dessas situações, também é comum espirrarmos com uma maior frequência quando estamos resfriados. Essa é uma estratégia do organismo para eliminar o excesso de secreção produzido nas vias aéreas, que tem como objetivo ajudar o organismo a se defender da infecção.  E é justamente pelo aumento na frequência de espirros nestas condições, que temos o hábito de dizer: ‘Saúde!’ à quem espirra. E esse não é um habito brasileiro não, é uma crença antiga, onde relacionavam o espirro a possíveis doenças graves.

A detecção dos fatores que causam irritação é feita nos pelos ramos laríngeos, que transmitem a informação ao nervo vago, que leva até o núcleo sensitivo do nervo trigêmeo que comanda a sequencia de ações que levarão ao espirro. O nervo trigêmeo é um nervo cranial responsável tanto pelas sensações no rosto, como pelo controle motor dos movimentos faciais. Ao detectar a irritação nas vias aéreas, o nervo trigêmeo leva até o núcleo sensitivo trigeminal essa informação, que desencadeia o cessar da respiração normal e faz com que os músculos das costas, abdômen, tórax e costelas se contraiam de forma a encher bem os pulmões de ar e em seguida expeli-lo de uma única vez, com bastante força, resultando no espirro.

A partir de um único espirro, podem ser eliminadas uma quantidade muito grande de gotículas, que podem ou não conter microrganismos (causadores de doenças ou não). Esse material expelido pode chegar a uma distancia de até 6 metros da pessoa que espirrou isso porque a força de expulsão do ar dos pulmões é tão grande que permite a um espirro chegar a uma incrível velocidade de 60 Km/h. Quem quiser pode assistir ao vídeo dos caçadores de mitos sobre o assunto: https://youtu.be/0f4sUNWkq60.

Você já percebeu que muitas vezes espirramos quando nos deparamos com uma luz forte, ou quando olhamos para o sol? Isso acontece, pois na presença de uma luz muito forte, o nervo ótico estimula contração da retina para protegê-la da irradiação, e pelo fato de o local de processamento de informações do nervo ótico estar muito próximo ao nervo trigêmeo, ele também recebe o estimulo de contração, acreditando se tratar de uma irritação no sistema respiratório, e com isso acaba impulsionando ao espirro.

Existe também outro tipo de espirro, causado pela inflamação da mucosa nasal, a chamada rinite alérgica. Ela ocorre na presença de substâncias alergênicas, que desencadeiam uma reação das imunoglobulinas do tipo E, que levam aos espirros, além de outros sintomas, como irritações oculares, obstrução nasal entre outros.

Espero que tenham gostado de saber um pouco mais sobre os espirros e quem tiver curiosidade (e não tiver nojo!) pode assistir ao vídeo de espirros em câmera lenta e observar o quão forte são as contrações dos músculos do nosso rosto neste momento: https://www.youtube.com/watch?v=z4uhZo54ls0.

Por Jaqueline Almeida

jaqueline.raquel.almeida@usp.br

Referências:

[1]: Standring, S. (2010). Gray’s Anatomia. Editora Elsevier.

[2]: http://www.discovery.com/tv-shows/mythbusters/mythbusters-database/sneeze-travel-100-mph/

[3]: Fontoura, P.R., Atchim! Você sabe por que espirramos?. Disponível em:

   http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1373&sid=8

[4]: Santos, A.C.S; et al., 2010. Renite alérgica. Editora Moreira Jr. Disponível em: http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?id_materia=4896&fase=imprime

One Reply to “Porque espirramos?”

  1. O método utilizado pelos Mythbusters está errado, da forma como medido, eles apenas verificaram a velocidade média do espirro no percurso estipulado, mas não mediram a velocidade máxima. É como uma prova de formula 1. A velocidade média do carro gira em torno de 200 km/h, mas o carro, durante a prova, atinge velocidades superiores a 300 e também menores de 100. Quando calcula a média, com base no tamanho do percuso e no tempo em que ele foi percorrido, chegamos à média.

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