A discussão sobre a segurança no consumo de alimentos transgênicos é algo presente e crescente em todo o mundo. Muitos defendem que a inserção de genes de uma espécie em outra espécie possa ser algo perigoso. Um bom exemplo da utilização da transgenia em plantas é milho BT, uma variedade que recebeu um gene da bactéria Bacillus Thuringiensis (por isso o nome BT) que é responsável por produzir um composto tóxico para lagartas. Assim, as lagartas que antes se alimentavam das folhas de milho e destruíam plantações, ao se alimentarem dessa variedade modificada, morrem.

Frente a essa grande discussão, surgiu uma nova ferramenta de edição genômica chama de CRISPR (do inglês Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats) (já citada no CRISPR/Cas9, a técnica que promete mudar a medicina – http://cienciainformativa.com.br/pt_BR/crisprcas9-the-technique-that-promises-to-change-medicine/). Essa técnica promete pôr fim ao mundo dos transgênicos, pois ao contrário do que é feito hoje, essa técnica visa apenas modificar os genes da própria espécie, a fim de melhorá-los, sem que ocorra a troca de genes entre diferentes espécies.

Um exemplo do uso dessa nova técnica para edição de plantas utilizadas na alimentação humana e animal foi realizado por uma startup argentina, a Bioheuris (https://www.bioheuris.com), que modificou um gene de uma variedade de soja, tornando-a resistente a herbicidas. Assim, apesar de não ser um transgênico, ela é considerada OGM (organismo geneticamente modificado). A estimativa para que este produto esteja no mercado é de 5 a 6 anos.

Além da aplicação agronômica, essa técnica promete revolucionar a área da saúde, sendo considerada como uma nova forma de terapia gênica. Essa ferramenta pode ser utilizada para corrigir erros na sequência de DNA, podendo resolver assim muitas doenças genéticas causadas por modificações gênicas. Acredita-se também que esta técnica poderá ser utilizada para curar desde doenças conhecidas como o HIV, a doenças pouco conhecidas, como a doença de Huntington.

Apesar de revolucionaria, a técnica ainda está sendo estudada e aprimorada para que resultados melhores sejam observados e, o mais importante, confirmando a não ocorrência de danos à saúde. Além disso, a forma como as espécies de interesse agronômico modificadas por essa técnica serão classificadas ainda está em discussão.

Para saber mais sobre a técnica CRISPR, assista ao vídeo:  https://www.youtube.com/watch?v=27l7ZVpL7W0. E fique ligado para mais novidades aqui no site!

 

Por Jaqueline Almeida

jaqueline.raquel.almeida@usp.br

 

Referências:

Jung, et al. 2017. Massively Parallel Biophysical Analysis of CRISPR-Cas Complexes on Next Generation Sequencing Chips. Cell, Volume 170, Issue 1.

Leonardo Gottems, 2017. Argentina cria soja resistente a herbicidas não transgênica, disponível em: https://www.agrolink.com.br/noticias/argentina-cria-soja-resistente-a-herbicidas-nao-transgenica_398003.html?utm_source=agrolink-detalhe-noticia.

2 Replies to “O Futuro da Transgenia”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.