O arquipélago de Galápagos (figura 1) é situado no Oceano Pacífico, tem mais de 8 mil km2 e é formado por várias ilhas, ficando a 1000 km da costa do Equador. Famoso por ter sido um dos lugares visitados por Charles Darwin durante seus estudos de evolução, Galápagos guarda muitas espécies únicas de plantas e animais, algumas que ainda nem foram descobertas. Mas como as espécies chegaram à Galápagos? Existem novas espécies surgindo ali? Meu texto dessa semana mostra como pesquisadores brasileiros e equatorianos traçaram a mais provável rota de como algumas cobras que ali habitam chegaram ao arquipélago e lá originaram novas espécies. É como contar a história evolutiva. Vem conferir!

Figura 1: Arquipélago de Galápagos, pertencente ao Equador. Fonte [5]

De acordo com o grupo de pesquisadores, que utilizaram dados moleculares e de morfologia, a espécie de serpentes Pseudalsophis hoodensis é o ancestral comum (ainda vivo) de várias outras espécies. O ancestral de P. hoodensis não existe mais, mas provavelmente chegou à Galápagos há 7 milhões de anos, pegando carona em pedaços de madeira e raízes que boiavam próximo ao litoral do Equador. Depois de uma jornada árdua, e de estabelecer ali um novo lar, essa espécie ancestral derivou-se e deu origem à espécie P. hoodensis. Depois, há cerca de 4,5 milhões de anos, várias populações de indivíduos da espécie P. hoodensis se separaram e começaram a habitar outras ilhas. Depois de um tempo isoladas, essas populações tornaram-se tão diferentes que formaram novas espécies, e que habitam hoje as diferentes ilhas de Galápagos.

 

Essa história evolutiva parece simples, mas houve muitas tentativas de estabelecer essa cronologia ao longo dos anos. Não se sabia, por exemplo, de onde veio a primeira serpente que chegou à Galápagos, porém, hoje sabemos que existe no litoral do Equador uma espécie de serpentes que parece ser a espécie-irmã da ancestral que deu origem às espécies de Galápagos; isso ajudar a reforçar a teoria de que muitas espécies da fauna de Galápagos são derivadas de indivíduos que vieram da América do Sul e não de outros lugares, como Hawaí (EUA).

 

Além de conseguirem propor a rota de colonização, os pesquisadores também utilizaram os dados moleculares e morfológicos para estudos taxonômicos e identificaram mais 3 novas espécies que habitam o lugar. Essas serpentes, no total 9 espécies do gênero Pseudalsophis, se alimentam de pequenas aves, répteis e invertebrados, como insetos, e podem, inclusive ser agressivas e “correr” atrás de suas presas, como mostra a figura 2.

 

Figura 2: espécie P. occidentalis, também conhecida como corredora de Fernandina, nome de uma das ilhas que habita. Esquerda: detalhe da cabeça da serpente. Direita: serpente “correndo” atrás de uma iguana em um rochedo. Fonte: [4]

Mas por que fazer esse tipo de estudo? Primeiro, estabelecer a história evolutiva de uma espécie é algo difícil e muito importante, pois conhecendo uma espécie podemos entendê-la e preservá-la. Segundo, algumas ilhas do arquipélago de Galápagos estão se tornando cada vez mais degradadas e poluídas, por causa da interferência humana, por isso, da importância de se fazer o levantamento das espécies que ali habitam, a fim de conservá-las.

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Até a próxima,

Por Nathália de Moraes

nathalia.esalq.bio@gmail.com

Referências

[1] Rodrigues, M. T. (2018). Como as serpentes chegaram a Galápagos. Acessado de http://revistapesquisa.fapesp.br/2018/08/20/como-as-serpentes-chegaram-a-galapagos/ em agosto de 2018.

[2] Galápagos. Wikipedia. Acessado de https://pt.wikipedia.org/wiki/Gal%C3%A1pagos em agosto de 2018.

[3] Vídeo no Youtube. (2016). Iguana vs Snakes | Planet Earth II. BBC.

[4] Google Maps.

[5] ZAHER, H. et al. Origin and hidden diversity within the poorly known Galápagos snake radiation (Serpentes: Dipsadidae). Systematics and Biodiversity. 2018, in press.

[6] Imagem em destaque: http://snakesarelong.blogspot.com/2016/11/answers-to-your-questions-pseudalsophis.html

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