Hoje em dia é muito comum vermos drones voando por aí, tirando fotos, filmando eventos e até mesmo sendo utilizados como forma de recreação de algumas pessoas. Porém, muito além de um hobby, os drones podem ser utilizados como uma forma de monitorar distantemente alguns animais que os pesquisadores não iriam conseguir monitorar de outra forma.

O drone é o nome popular para veículos aéreos não tripulados (VANT). Os drones são controlados à distância por pessoas ou por programas de computador. Eles foram inicialmente criados para fins militares, como forma de patrulhamento e investigação em lugares de difícil acesso ou perigosos para os soldados [1].

Novas tecnologias foram criadas e os drones passaram a ser usados por civis também, principalmente por fotógrafos e cinegrafistas, amadores ou profissionais, já que o drone consegue captar imagens que eram apenas captadas com o uso de helicópteros, balões e aviões. Além disso, é comum também o uso de drones na agricultura, pecuária e – nosso assunto de hoje – no monitoramento ambiental, principalmente de animais.

Vale lembrar que uma das preocupações dos cientistas, quando estão monitorando animais, é justamente não assustá-los e não fazê-los com que eles mudem seu comportamento natural por terem percebido a presença de alguém estranho. Outros grandes desafios são o monitoramento de grandes áreas, ou de um grande número de animais, ou ainda de lugares pouco acessíveis ou perigosos. Sendo assim, os drones entram como uma alternativa viável e relativamente fácil para o monitoramento animal [2].

Com os drones é possível identificar marcas do trânsito/migração de animais, observar ninhos e ninhais, identificar áreas de caça ilegal e ter mais precisão nas contagens populacionais [3]. Cientistas podem, por exemplo, usar as imagens dos drones para revisar a contagem de uma população inúmeras vezes, diminuindo as chances de se subestimar ou superestimar os dados. O monitoramento de animais que formam aglomerações também é facilitado pelos drones. Além disso, por se tratar de um equipamento durável e portátil, um drone pode ser usado várias vezes para várias pesquisas [4].

No Brasil, um exemplo de sucesso é o monitoramento e contagem de botos-cor-de-rosa na Amazônia [5][6]. Segundo os pesquisadores, os resultados obtidos pelas imagens dos drones – que são geralmente cruzados com os resultados dos observadores – dão suporte para a criação de políticas de conservação de espécies ameaçadas, como os botos (imagem 1). Além disso, os drones são uma alternativa acessível financeiramente. Nesse projeto, que recebe apoio do WWF (World Wild Fund for Nature), os pesquisadores testaram inclusive um drone com câmera térmica, que permite identificar os animais no escuro pelo calor do corpo; isso seria impossível de fazer pelo método tradicional de observação.

Imagem 1: drones usados no projeto do monitoramento do boto-cor-de-rosa (esquerda). Imagem conseguida por um drone, mostrando um boto-cor-de-rosa (canto inferior direito) em seu habitat natural (direita). Fonte [9]

Mas devemos ter cuidado. Enquanto muitas pesquisas mostram as vantagens que os drones trazem, alguns relatos indicam que os animais, quando percebem a presença de drones, podem ficar estressados, ter seus batimentos cardíacos acelerados e podem inclusive atacar os equipamentos [7]. Agências reguladoras de monitoramento e conservação da vida silvestre já publicaram documentos com protocolos nos quais dão dicas de como observar animais com os drones sem assustá-los ou mudar seu comportamento, já que isso iria enviesar os resultados [2] [8].

Bom, o que podemos concluir de tantas informações? A tecnologia está sempre em constante evolução e usá-la a favor da vida selvagem e do meio ambiente pode fazer a diferença na conservação da natureza. Porém, como tudo, devemos ter parcimônia e cuidado, principalmente no que diz respeito aos animais ameaçados.

Até a próxima!

Por Nathália de Moraes

nathalia.esalq.bio@gmail.com

Referências

[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Ve%C3%ADculo_a%C3%A9reo_n%C3%A3o_tripulado

[2] https://www.iflscience.com/plants-and-animals/guide-using-drones-study-wildlife-first-do-no-harm/

[3] https://www.smithsonianmag.com/science-nature/drones-better-counting-wildlife-than-people

-180968276/

[4] http://www.futuriste.com.br/blog/drones-no-mercado-de-fotografia/

[5] https://www.uol/noticias/especiais/drones-que-monitoram-botos-contrastam-com-vida-simples-de-ribeirinhos-na-amazonia.htm#tematico-2

[6] https://www.mamiraua.org.br/pt-br/comunicacao/noticias/2017/1/27/webserie-mostra-a-incrivel-jornada-de-drones-em-busca-de-botos-da-amazonia/

[7] http://olharanimal.org/animais-atacam-drones/

[8] https://www.cell.com/current-biology/fulltext/S0960-9822(16)30318-9?_returnURL=https%3A%2F%2Flinkinghub.elsevier.com%2Fretrieve%2Fpii%2FS0960982216303189%3Fshowall%3Dtrue

[9] https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/reducao_de_impactos2/ecodrones/

[10] Imagem em destaque: https://www.uol/noticias/especiais/drones-que-monitoram-botos-contrastam-com-vida-simples-de-ribeirinhos-na-amazonia.htm#tematico-2

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