O fim do semestre pode trazer sentimentos múltiplos e pressões especialmente altas para quem tem o ano dividido pelo mês de julho. Pode existir um sentimento de alívio e euforia, com a chegada do período de férias. Também pode haver um aumento no sentimento de ansiedade, com as pressões de avaliações para estudantes, encerramento do semestre letivo para profissionais da educação e as metas a serem alcançadas para profissionais como lojistas e bancários. Por isso, nesse mês de junho, vamos tratar da ansiedade aqui no Ciência Informativa.

Vamos iniciar trazendo a ideia de que ansiedade pode ser uma sensação natural e saudável, mas também pode alcançar estágios prejudiciais. Medo e ansiedade são respostas à nossa percepção de ameaças. Quando identificamos uma ameaça próxima (por exemplo, ver um grande animal feroz correndo em nossa direção) sentimos medo (Leia nossa matéria sobre medo aqui). Quando a ameaça é mais incerta, como a possibilidade de falhar em determinada tarefa importante, sentimos ansiedade. Essas duas respostas, apesar de desagradáveis, são importantes para a preservação do indivíduo e da espécie. Eles nos ajudam a navegar com segurança pelos ambientes em que nos encontramos e a evitar comportamentos danosos. Porém, às vezes, o medo e a ansiedade podem alcançar níveis exagerados, levando a fobias e distúrbios de ansiedade.

Para determinar se a ansiedade pode ser considerada como normal ou um transtorno, os profissionais de saúde podem verificar três fatores. O primeiro é a intensidade das respostas como agitação, aumento de batimentos cardíacos e mudanças hormonais que afetam nossa fisiologia e comportamento. O segundo é a justificativa para a ansiedade que pode ser realista, como o que sentimos quando passamos por uma rua mal iluminada, ou exagerada quando uma pessoa fica ansiosa quando, por exemplo, pensa em animais inofensivos como libélulas voando ao seu redor. O terceiro fator é o efeito dessa ansiedade nas ações da pessoa. Esse efeito pode ser negativo quando há, por exemplo, uma retração social ou hipertensão.

Existem pesquisadores das mais diversas áreas estudando esses distúrbios, entre eles psicólogos, psiquiatras, neurologistas, geneticistas, farmacologistas, etc. para compreender causas, mecanismos e tratamentos. Porém, o cérebro é um complexo de regiões com funções próprias, que são capazes de fazer diversas conexões. Cada percepção, emoção, memória e comando está relacionado a uma ou mais partes do cérebro. Conheça um pouco mais sobre o assunto no vídeo abaixo.

Então, existem níveis saudáveis de ansiedade que nos ajudam a evitar situações perigosas e a buscar por melhores desempenho em alguma atividade, mas existem níveis exagerados que causam problemas. Se você acredita que sua ansiedade causa desconfortos (físicos ou mentais), atrapalha sua rotina e a sua socialização, procure ajuda, se possível, de um psicólogo ou psiquiatra.

Nos próximos textos vamos trazer novas descobertas sobre como nosso corpo gera sentimentos associados à ansiedade e sobre como alguns comportamentos e rotinas influenciam nos níveis de ansiedade de uma pessoa. Acompanhe!

por Patricia S. Sujii

 

Referências

Bateson, M., Brilot, B., & Nettle, D. (2011). Anxiety: an evolutionary approach. The Canadian Journal of Psychiatry, 56(12), 707-715.

Holmes, D. S. (1997). Psicologia dos transtornos mentais. Editora Artmed.

Jimenez, J. C., Su, K., Goldberg, A. R., Luna, V. M., Biane, J. S., Ordek, G., … & Paninski, L. (2018). Anxiety cells in a hippocampal-hypothalamic circuit. Neuron, 97(3), 670-683.

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