Desde 2014 o Ministério da Saúde distribui vacinas contra HPV (Papilloma Vírus Humano). Esse vírus pode provocar verrugas genitais e câncer, por isso, sua prevenção é de extrema importância. Alguns estudos indicam que aproximadamente metade da população mundial já teve contato com algum tipo de HPV, o que levanta a questão: “Se eu já fui infectado(a) pelo vírus, vale a pena tomar essa vacina?”. Para entender a resposta a essa pergunta, vamos entender melhor o que é o HPV e como funciona a vacina.
Existem mais de 200 tipos de vírus que são classificados como HPV. Assim como existem pessoas com características diferentes (cor de pele, altura, tamanho do pé, etc.) e todas são humanos, existem vírus chamados de HPV com características diferentes e que causam efeitos diferentes quando infectam um humano. Alguns tipos podem causar verrugas genitais, outras podem causar câncer de colo de útero ou ainda outros tipos de câncer, como câncer vulvar, vaginal e anal. Desta forma, uma pessoa pode ser infectada por um tipo de HPV e depois re-infectada pelo mesmo tipo em outra parte do corpo ou por um tipo diferente.
Alguns estudos indicam que uma primeira infecção por um determinado tipo de HPV não torna a pessoa imune a futuras infecções, portanto, essa imunidade precisa ser adquirida por meio de vacinação. Ainda são necessários mais estudos para entender completamente como esses mecanismos funcionam, mas é certo que a vacinação é eficaz em muitos casos. Vacinas contra HPV previnem infecções bloqueando a entrada de novos vírus no organismo, então, elas não previnem que os vírus inativos que já estejam no organismo sejam reativados, mas evitam infecções por outros tipos de vírus.
No Brasil, existem duas vacinas disponíveis contra HPV, a bivalente e a quadrivalente. A vacina bivalente protege a pessoa vacinada contra dois tipos de HPV (tipos 16 e 18) que são responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo do útero no mundo. A vacina quadrivalente protege contra quatro tipos do vírus, os mesmos da bivalente (tipos 16 e 18) e mais dois que provocam verrugas genitais (tipos 6 e 11). A ANVISA já aprovou o uso de uma nova vacina capaz de proteger a pessoa vacinada contra nove tipos de HPV, os mesmos quatro da vacina quadrivalente e mais cinco capazes de causar diversos tipos câncer genital.
Portanto, a vacinação é eficaz na redução do risco de infecção, mesmo que a pessoa já tenha sido infectada anteriormente. É estimado que essa nova vacina, contra nove tipos de HPV, pode prevenir aproximadamente 90% dos casos de câncer de colo de útero e outros cânceres genitais.
As vacinas bivalente e quadrivalente estão disponíveis no SUS e fazem parte das campanhas de vacinação infantil, para meninos e meninas de 9 a 15 anos, no segundo semestre de cada ano. Pessoas com o sistema imunológico comprometido (portadoras de HIV ou que fizeram transplante de órgãos) com idade entre 9 e 26 anos também podem obter a vacina pelo SUS. Então, fique atento(a), no início do segundo semestre devem circular notícias sobre as campanhas! Nas redes particulares de saúde, essas duas vacinas também estão disponíveis, com preços bastante variáveis (200 a 300 reais a dose).
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Patrícia Sanae Sujii
sujiips@gmail.com
Referências
Huh, W. K., Joura, E. A., Giuliano, A. R., Iversen, O. E., de Andrade, R. P., Ault, K. A., … & Mayrand, M. H. (2017). Final efficacy, immunogenicity, and safety analyses of a nine-valent human papillomavirus vaccine in women aged 16–26 years: a randomised, double-blind trial. The Lancet, 390(10108), 2143-2159.
Ranjeva, S. L., Baskerville, E. B., Dukic, V., Villa, L. L., Lazcano-Ponce, E., Giuliano, A. R., … & Cobey, S. (2017). Recurring infection with ecologically distinct HPV types can explain high prevalence and diversity. Proceedings of the National Academy of Sciences, 201714712.
Site: http://www.brasil.gov.br/saude/2017/06/cobertura-da-vacinacao-contra-hpv-pelo-sus-e-ampliada