Com a proximidade do dia dos pais, somos intensamente lembrados do valor da figura paterna, seja ela o pai biológico ou uma outra pessoa que venha a preencher esse papel. Com isso, cresce o sentimento de gratidão e o Ciência Informativa também se deixou emocionar por essa data! O texto desta semana traz um estudo que mostra como o cuidado paterno é importante na sobrevivência de uma espécie muito curiosa de mamífero.

Existem diversos estudos que mostram como o cuidado paterno é essencial para a sobrevivência e o desenvolvimento de várias espécies de aves e de peixes. Os pinguins e cavalos marinhos são exemplos disso. Entretanto, em mamíferos esse comportamento ainda é pouco estudado.

Um grupo de pesquisadores da California estudou uma espécie de roedor chamada Peromyscus californicus, também conhecida como rato da Califórnia. Esse simpático ratinho tem uma característica muito peculiar. Diferente da maioria das espécies de roedores, ele é monogâmico, então o casal de macho e fêmea mantém-se unido até que a morte os separe. A poligamia é uma estratégia evolutiva que, muitas vezes, aumenta a chance de o macho de deixar mais descendentes, se ele for capaz de cruzar com muitas fêmeas. Em mamíferos, essa é uma estratégia razoavelmente comum. A monogamia, por outro lado, pode aumentar a chance de um filhote nascer e crescer saudável, especialmente quando tanto a mãe como o pai cuidam da prole. O rato da Califórnia macho tem exatamente os mesmos comportamentos de cuidado parental que a fêmea, exceto pela lactação.

Família de ratos da Califórinia. Imagem: Marler Laboratory

Então, esse estudo investigou quais são as vantagens para o ratinho macho em ser monogâmico e em cuidar da sua prole, o que muitos humanos consideram “ser um bom pai”. Os testes mostraram que o cuidado parental do macho não aumenta o número de filhotes que nascem em uma ninhada, mas aumenta de 26% para 81% a chance de o filhote sobreviver aos primeiros dias de vida. O estudo aponta que esse aumento pode ser causado tanto pelo cuidado direto da prole, aquecendo, lambendo e carregando os filhotes sempre que necessário, como pela proteção do ninho contra invasores.

Nesse estudo, algumas das mães foram capazes de criar sua prole na ausência do macho, mas a presença do macho aumentou consideravelmente a sobrevivência dos filhotes. Esse resultado indica que esse tipo de comportamento pode ter favorecido a evolução da monogamia nesses ratinhos.

É possível que esse tipo de processo evolutivo também tenha acontecido em humanos e em outros mamíferos, mas ainda são necessários muitos estudos para compreender melhor o comportamento da nossa espécie, que tem padrões sociais muito mais complexos.

por Patricia S. Sujii

sujiips@gmail.com

 Referência

Gubernick, D. J., & Teferi, T. (2000). Adaptive significance of male parental care in a monogamous mammal. Proceedings of the Royal Society of London B: Biological Sciences, 267(1439), 147-150.

Foto: Marler Laboratory http://psych.wisc.edu/marler/research.htm

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