Sabe quando você entra em uma loja virtual e o site já te recomenda alguns produtos que são a sua cara? Até um tempo atrás, isso era um cenário difícil de imaginarmos, não é mesmo? Porém, graças ao que chamamos de inteligência artificial, hoje temos o desenvolvimento disso e de outras tecnologias que facilitam nossa vida e atividades cotidianas.
No texto de hoje vamos entender o que é a inteligência artificial, quais foram os avanços desse campo na última década e quais serão os possíveis progressos que nos aguardam para os próximos 10 anos.
Inteligência artificial parece ser algo muito complexo e longe de nosso cotidiano, coisa de filme de ficção científica, mas na realidade muitas vezes nem percebemos que a estamos usando. A inteligência artificial (IA) permite que máquinas – como computadores e robôs – aprendam com experiências que lhes são ensinadas; para isso, são treinados para cumprir tarefas específicas ao processar grandes quantidades de dados e reconhecer padrões nesses dados. Chamamos de IA pois um computador terá habilidades de desenvolver tarefas comumente associadas aos seres vivos dotados de inteligência.
O termo foi cunhado apenas em 1956, porém, desde o início do desenvolvimento da computação, entre as décadas de 40 e 50, percebeu-se que os computadores conseguem ser programados (ou seja, ensinados por algoritmos*) para performar tarefas complexas, como provar teoremas e resolver problemas matemáticos. Programando-se um computador, esse passa a aprender com os dados que lhes são fornecidos, reconhecendo e tomando decisões com um mínimo de intervenção humana. A vantagem da máquina é que ela consegue processar um grande volume de dados de modo confiável, preciso, rápido e sem fadiga, que é inerente à condição humana.
Os avanços no campo da inteligência artificial que começaram lá no início de 2010 incluíram tradutores, assistentes pessoais no computador e no celular (como Siri, Cortana e Google Assistant), desenvolvimento de carros semi-autônomos (como o Tesla) e a tão usada pesquisa por imagens no Google. Tudo isso foi possibilitado, principalmente por causa do aumento no número de dados que são obtidos e que podem ser processados de maneira eficiente por uma máquina.
Se pensarmos no campo da genética, por exemplo, o sequenciamento de um genoma humano gera aproximadamente 50 gigabytes de dados (o equivalente a 50 filmes) que podem ser processados por um conjunto de algoritmos num computador. Ao reconhecer padrões, esse computador pode aprender a detectar genes conhecidamente relacionados a doenças como câncer, distrofias musculares e doença de Parkinson, de maneira precisa e rápida, auxiliando o trabalho do médico.
Um outro exemplo da inteligência artificial na saúde humana é o aplicativo Face2Gene, que usa um algoritmo treinado com 17 mil fotografias de rostos humanos para identificar características faciais que podem ser relacionadas a distúrbios genéticos raros, como a síndrome de Noonan.
Segundo os especialistas, podemos esperar para a próxima década: equipamentos mais inteligentes, que nos darão informações para ajudar na tomada de decisões, como assistentes; aumento da segurança no ambiente virtual, identificando possíveis fraudadores e arquivos maliciosos; diagnósticos médicos cada vez mais seguros e precisos, permitindo que médicos passem mais tempo cuidando do paciente e experiências de compras e de entretenimento moldadas para o perfil de cada consumidor.
A inteligência artificial também poderá ajudar a tornar nossa sociedade menos desigual. Estudos feitos por pesquisadores britânicos e americanos permitiram o desenvolvimento de um aplicativo, ainda em aprimoramento, que permite que pessoas comuns alertem às autoridades quando encontrarem um mendigo na rua. A partir da descrição dada pelas pessoas que usam o aplicativo é possível priorizar a ajuda e disponibilizar um abrigo temporário adequado. Além disso, segundo os pesquisadores, seria possível entender o comportamento e distribuição da população de rua de uma grande cidade como Londres (Inglaterra) e Los Angeles (Estados Unidos).
Apesar de todos esses avanços ainda temos pontos para serem questionados. Primeiro, é que a inteligência artificial, como qualquer tecnologia, pode ser usada para fins inapropriados. Segundo, apesar de todo o avanço que tivemos na computação, programação e aprendizagem de máquinas, um computador ainda não tem todas as capacidades cognitivas humanas.
Alguns pesquisadores dizem que no futuro seres humanos e máquinas poderão viver numa relação simbiótica, com benefício para ambas as partes. Vamos esperar e torcer para que o avanço venha nos ajudar numa sociedade mais conectada, eficiente e menos desigual.
Por Nathália de Moraes
*Algoritmo: um conjunto de instruções escritas em linguagem de programação dadas por um programador a um computador/máquina.
Referências
[1] SAS. https://www.sas.com/pt_br/insights/analytics/inteligencia-artificial.html#used
[2] Enciclopédia Britânica. https://www.britannica.com/technology/artificial-intelligence
[3] SAS. https://www.sas.com/pt_br/insights/analytics/machine-learning.html
[6] https://screenshot-magazine.com/the-future/machine-learning-tackle-homelessness/
[7] Screen Shot. Imagem em destaque: www.observatorioculturaecidade.ufscar.br%2Fnossa-producao%2Falgoritmos-e-o-uso-de-dados-pessoais-como-ferramenta-de-manipulacao%2F&psig=AOvVaw2enL9sFN6WHGwdXGlZJ6ty&ust=1579957541441755