Há cinco anos, no dia 11 de março de 2011, ocorreu o “Grande Terremoto do Leste do Japão”. Esse terremoto, como muitos devem lembrar, provocou ondas de tsunami com mais de 10 m de altura e que percorreram mais de 10 km de terra. As autoridades japonesas reportaram dezenas de milhares mortos e desaparecidos. Ele também causou um vazamento nuclear da usina de Fukushima. Para marcar os cinco anos desde evento, a editora Wiley selecionou uma coleção de artigos científicos sobre o assunto. Esses artigos estarão disponíveis até 30 de abril de 2016 gratuitamente. Para ter acesso a eles, clique aqui.
Catástrofes de grande escala, como as ocorridas por causa do grande terremoto no Japão, têm diversos impactos na população local, em políticas públicas, no meio ambiente, etc. As medidas tomadas após o evento foram essenciais para que esses impactos não fossem ainda mais intensos. Um grupo de pesquisadores da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, avaliou os impactos do vazamento da radiação da usina nuclear de Fukushima e os comparou com os impactos do acidente nuclear de Chernobyl.
Eles revisaram estudos sobre a quantidade de radiação liberada, a área de contaminação, os impactos ambientais, os efeitos na saúde humana e a segurança dos alimentos produzidos na região afetada pela radiação. Os estudos mostraram que os níveis de radiação liberados da usina de Fukushima corresponderam a aproximadamente 10-15% da radiação liberada da usina de Chernobyl. Esse foi um dos motivos para os menores efeitos da radiação em Fukushima. Entretanto, em ambos os casos, houve consequências negativas.
Em Chernobyl, a evacuação de áreas atingidas começou de 3 a 11 dias após o acidente. Em Fukushima, a evacuação começou imediatamente após o acidente. Um grupo de pesquisadores japoneses investigou a quantidade de iodo radioativo presente na tireoide de jovens e adultos de áreas contaminadas ao redor da usina Fukushima. As medidas mostraram contaminação em doses muito baixas, o que provavelmente não deve causar um aumento da frequência de câncer de tireoide na região, mas eles recomendam um acompanhamento a longo prazo.
Em ambos os casos, houve contaminação da atmosfera, da água, do solo e de organismos vivos. Em Fukushima, os gases radioativos foram liberados na atmosfera várias horas após o desligamento dos reatores. Isso fez com que muitos dos elementos radioativos perdessem sua atividade antes de chegar ao meio ambiente. Por isso, o impacto ecológico foi muito menor do que em Chernobyl.
Os elementos radioativos liberados na atmosfera e no solo têm potencial para contaminar alimentos produzidos na região afetada. Em Chernobyl, o leite e a carne produzidos em áreas atingidas pela radiação estavam contaminados por muitos anos. No Japão, estudos indicaram que os alimentos contaminados foram mantidos fora do mercado de forma eficiente.
Em resumo, pesquisas sobre os efeitos da radiação, sobre o modo como a radiação se espalha, sobre planos de ação em caso de novos acidentes, etc. têm ajudado a diminuir as consequências de acidentes nucleares. Entretanto, os efeitos negativos ainda existem e esse assunto ainda precisa ser muito investigado.
Nos próximos anos, provavelmente veremos os efeitos a longo prazo da radiação liberada em Fukushima. Possivelmente serão encontradas espécies com mais mutações do que o normalmente observado, e talvez espécies se tornem ameaçadas de extinção, mas ainda é cedo para saber ao certo como será. Vamos aguardar os estudos e traremos mais novidades aqui.
por Patricia Sanae Sujii
sujiips@gmail.com
Referência
Steinhauser, G., Brandl, A., & Johnson, T. E. (2014). Comparison of the Chernobyl and Fukushima nuclear accidents: A review of the environmental impacts. Science of the Total Environment, 470, 800-817.