Neste ano, ouvimos falar muito em microcefalia devido ao grande aumento no número de ocorrência desta doença. Para termos ideia desse aumento, a média anual nos últimos anos da ocorrência da doença foi de 154 casos, mas este ano foi registrado mais de 1700 caos, ou seja, um aumento de mais de 1000%.
Um número que chama bastante atenção é um levantamento realizado em Pernambuco entre os meses de outubro e novembro, onde foram relatados 141 casos, número próximo ao esperado para todo o país ao longo do ano.
A microcefalia é o desenvolvimento anormal da cabeça do feto durante o período da gestação ou logo após seu nascimento, ou seja, apresentam a circunferência encefálica menor que as crianças normais. Na imagem é possível observar a comparação entre o tamanho do encéfalo de uma criança normal, comparada a uma que apresenta microcefalia.
Existem padrões bem estabelecidos sobre o crescimento e as medidas consideradas normais para os primeiros anos de vida. Desta forma, crianças que nascem com o perímetro encefálico menor que 32 centímetros, de acordo com os parâmetros adotados no Brasil, são considerados casos de microcefalia.
A microcefalia pode ser causada por fatores genéticos ou adquiridos. Entre esses fatores estão a síndrome de Down, a falta de oxigênio no cérebro feto, infecções do feto durante a gestação, desnutrição severa, entre outros fatores.
Crianças que possuem a anomalia podem apresentar diferentes problemas neurológicos, dependendo da região do cérebro afetada. Alguns problemas possíveis são: ataque epilético, convulsões, problemas no desenvolvimento sensitivo e motor, gerando o não desenvolvimento da capacidade da fala e da capacidade de realizar movimentos, além da surdez e outros tipos de problemas.
O grande aumento no número de casos da doença chamou a atenção dos órgãos públicos, que acreditam que o aumento pode estar relacionado a propagação do Zica vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo mosquito responsável pela transmissão da dengue.
Esta hipótese esta sendo considerada, pois além da sobreposição entre os locais de ocorrência da microcefalia e a presença do Zica vírus, testes realizados a partir do liquido amniótico de grávidas com bebês detectados com microcefalia, indicaram a presença do vírus. Assim, acredita-se que o vírus desloque-se até o cérebro do feto e ali se multiplique, gerando uma alteração no desenvolvimento do encéfalo desses bebês.
Estamos frente a um problema muito grave e de difícil controle, uma vez que o mosquito transmissor da doença está disseminado em todo o país e por se tratar de uma doença viral até então desconhecida, ou seja, o tempo necessário para o desenvolvimento de uma vacina preventiva será longo. Medidas contra o Aedes aegypti, estão sendo adotadas, como é o caso dos mosquitos geneticamente modificados, que você pode saber mais aqui: http://cienciainformativa.com.br/pt_BR/ciencia-informativa-discute-mosquitos-transgenicos/. E por se tratar de uma anomalia que não tem cura, o governo deverá ofertar tratamentos fonoaudiólogos, de fisioterapias e outros tipos de acompanhamento para as famílias atingidas.
Estamos em um momento crítico, onde um mosquito invasor está transmitindo 3 doenças que podem causar prejuízos incalculáveis para as próximas gerações e a única coisa que podemos fazer é lutar contra a multiplicação desses invasores e nos proteger contra eles.
Por Jaqueline Almeida
Referencias
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151127_depoimento_medica_microcefalia_cc
http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2015/11/o-avanco-do-surto-de-microcefalia.html
Que interessante, o cérebro humano é realmente fascinante, neh?
Não sabia que tinha essa diferença toda do cérebro de um bebe para o adulto