O desmatamento é um dos nossos maiores vilões. O Brasil, gigante pela própria natureza, ainda hoje não consegue controlar o desmatamento que atinge seus principais biomas, como a Floresta Amazônica e o Cerrado. Olhando para o passado, vemos uma mancha de destruição em nossas florestas, como o que ocorreu com a Mata Atlântica no sudeste do país. O nosso presente parece não ser diferente, mas o nosso futuro ainda está em aberto.
O Brasil é o segundo país em área de cobertura vegetal do mundo, ficando atrás apenas da Rússia. Porém, esse cenário pode ser mudado rapidamente se pensarmos no grande desmatamento que enfrentamos nas últimas décadas. Segundo a WWF (World Wildlife Fund for Nature), ONG ligada ao meio ambiente, cerca de 20 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa são desmatados por ano somente na Amazônia brasileira. As principais causas do desmatamento são a derrubada de árvores e incêndios.
O início do desmatamento da Floresta Amazônica ocorreu por volta de 1970, com a inauguração da rodovia Transamazônica, incentivando o processo migratório e aumentando a população na região. A expansão para a floresta foi motivada pelo governo através da facilidade de crédito, acompanhada da disponibilidade de terras e incentivos fiscais. Além disso, houve o estimulo do desmatamento pela legislação brasileira através de medidas de reivindicação de terra por meio de comprovação do seu uso.
Entre os anos de 1978 e 1994 o desmatamento ficou restrito em áreas próximas às rodovias, dentro de uma faixa de 100 km das estradas construídas na região. Estudos sobre a ocupação da Amazônia trazem os pequenos produtores como os responsáveis pela expansão da fronteira agrícola. A pecuária em larga escala foi a atividade que mais causou desmatamento, onde cerca de 70% da área desmatada foi convertida em pasto. A baixa produtividade dos pastos localizados na Amazônia também é responsável pelo alto desmatamento, uma vez que a terra perde a viabilidade rápido e faz com que novas terras necessitem ser desmatadas.
Nos últimos anos, a expansão da agricultura mecanizada para a produção de grãos – com destaque para o milho e a soja – tem se expandido em direção às áreas florestais. Antes ocupada pela pecuária, a agricultura se consolidou como a atividade que atualmente mais contribui para o desmatamento. Além disso, a soja se expandiu para áreas antes ocupadas por pastagens na região, assim não representando um processo novo de desmatamento.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (INPE), até agosto de 2011 a área total desmatada na Amazônia Legal brasileira era de 750 ml quilômetros quadrados, representado aproximadamente 15% da sua extensão. Além da perda de áreas desmatadas, uma das piores consequências do desmatamento é a emissão de gases do efeito estufa através de incêndios e queima de carvão vegetal, que impactam diretamente no aquecimento global.
A partir de 2004 a taxa de desmatamento vem diminuindo com a implementação do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia, assim como a valorização do real, que desestimula as exportações de grãos e produtos animais. Em 2009, o governo brasileiro apresentou na COP 15 um plano de meta nacional para redução de gases do efeito estufa até 2020, com o foco principal na diminuição da taxa de desmatamento da Amazônia em 80%.
A Amazônia é o maior berço de biodiversidade do nosso planeta, com um valor inestimado para a humanidade. A importância da sua preservação é indiscutível, porém existe grande dificuldade em barrar o desmatamento nas áreas florestais, principalmente com o avanço da agropecuária na região. Mesmo com a redução do desmatamento nos últimos anos, as projeções não são boas e é preciso uma política forte de fiscalização do governo para mitigar os casos de desmatamento ilegal nas nossas florestas.
Por Nathalia Brancalleão
Contato: nathaliabrancalleao@gmail.com
Referências bibliográficas
Carvalho, T. S., Magalhães, A. S., & Domingues, E. P. (2016). Desmatamento e a contribuição econômica da floresta na Amazônia. Estudos Econômicos (São Paulo), 46(2), 501-533.
Matos, F. L. L. D. C. (2016). Análise das taxas anuais de desmatamento na Amazônia Legal a partir da relação entre autos de infração e área desmatada no período entre 2000 e 2014.
Schmitt, J., & Scardua, F. P. (2015). A descentralização das competências ambientais e a fiscalização do desmatamento na Amazônia. Revista de Administração Pública, 49(5), 1121-1142.
Yanai, A. M., Nogueira, E. M., Fearnside, P. M., & de Alencastro Graça, P. M. L. (2015). Desmatamento e perda de carbono até 2013 em assentamentos rurais na Amazônia Legal. XVIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Curitiba, Brasil.