Hoje a tecnologia está cada vez mais presente nas nossas vidas: celular, tablet, notebook, videogame, televisão, etc. São tantos dispositivos e tantas funcionalidades que esses eletrônicos já são como extensões do nosso corpo, nos ajudando na comunicação e proporcionando diversão. Mas será que essa tecnologia pode afetar o desenvolvimento das crianças? De que forma? Leia nosso texto e entenda mais sobre essa polêmica questão.
Diferentemente do que víamos há alguns anos, hoje em dia grande parte das crianças passa o tempo atrás das telinhas dos computadores, jogando videogames, assistindo TV e teclando nos celulares. Muitas não sabem o que é brincar na rua, pular corda, brincar de esconde-esconde, “stop” e passam a maior parte do dia dentro de suas casas. Claro que a segurança pode ser um dos fatores que fazem com que as crianças fiquem dentro de casa, mas uma pesquisa recente publicada em setembro desse ano da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) expõe um alerta: a infância não é virtual e o uso de eletrônicos em excesso atrasa o desenvolvimento infantil.
Para os pesquisadores, o problema não é a presença dos eletrônicos, que são parte da vida na sociedade atual, mas sim o excesso da interação com os eletrônicos. Isso ocorre quando as crianças passam tempo sem limites com esses objetos, sem brincar no “mundo real”, explorar novos ambientes, fazer amizades. Essa falta de contato é que afeta o desenvolvimento cognitivo dos pequenos, que chegam a passar seis horas por dia na frente de aparelhos eletrônicos.
Brincadeiras “convencionais” são importantes pois as crianças interagem com o mundo real, com outras pessoas, agem sobre objetos concretos e desenvolvem noções importantes de espaço, tempo e casualidade, habilidades importantes de serem construídas ainda na infância e para, inclusive, entender bem a matéria dada na escola.
Na pesquisa feita com meninos e meninas de até 12 anos expostos aos eletrônicos, os pesquisadores concluíram que muitas crianças não tinham noção de espacialidade – apresentavam dificuldades em montar maquetes – e não conseguiam organizar contas matemáticas em um papel, colocando número sobre número, por exemplo.
A interação com objetos reais é uma das coisas que falta no mundo virtual. Quando você pergunta a uma criança se ela cabe embaixo de uma cadeira, por exemplo, ela irá tentar entrar nesse espaço para saber a resposta, ou seja, através da experimentação e interação com a realidade ela constrói raciocínios, e isso não é possível no mundo virtual.
O que os pais podem fazer? Estimular as crianças para que elas tenham outro tipo de diversão e interação com outras pessoas. Isso pode ser feito através do uso moderado dos eletrônicos, criando uma rotina variada de brincadeiras. Além disso, as atividades ao ar livre – não necessariamente na rua – são muito importantes para a saúde física das crianças, que hoje em dia são mais sedentárias (lembrando que em 30 anos a obesidade triplicou no país em adolescentes e crianças). Temos que usar as tecnologias, já que elas nos proporcionam tantas facilidades, mas o importante é lembrar que a vida ocorre de verdade no mundo real!
Até a próxima!
Por Nathália de Moraes
nathalia.esalq.bio@gmail.com
Referências:
[1] G1 Campinas. (2016). Uso de eletrônicos em excesso atrasa desenvolvimento infantil. Acessado de http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2016/09/uso-de-eletronicos-em-excesso-atrasa-desenvolvimento-infantil-diz-unicamp.html em setembro de 2016.
[2] Gardenal, I. (2016). A infância não é virtual. Acessado de http://www.unicamp.br/unicamp/ju/669/infancia-nao-e-virtual em setembro de 2016.
[3] Botelho, F. (2016). Pesquisa desenvolvida na Unicamp aponta atraso no desenvolvimento de crianças que não brincam. Acessado de http://www.portalcbncampinas.com.br/2016/09/pesquisa-desenvolvida-na-unicamp-aponta-atraso-no-desenvolvimento-de-criancas-que-nao-brincam/ em setembro de 2016.
[4]. Sem autor. (2016). Usar eletrônicos em excesso atrasa o desenvolvimento de crianças. Acessado de http://br.blastingnews.com/tecnologia/2016/09/usar-eletronicos-em-excesso-atrasa-o-desenvolvimentos-de-criancas-001151689.html em setembro de 2016.
[5] Oliveto, P. (2016). Obesidade triplica em jovens brasileiros, aponta pesquisa. Acessado de http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/brasil/2016/09/24/interna_brasil,666534/obesidade-triplica-em-jovens-brasileiros-aponta-pesquisa.shtml em setembro de 2016.
[6] Imagem em destaque: http://farm8.staticflickr.com/7202/6800173772_a081a7dfbd.jpg