Quando falamos em micro-organismos, nós costumamos associar com alguma coisa ruim. Imaginamos bactérias com monstros microscópicos que causam prejuízo para os outros seres vivos, como as ‘pequenas grandes’ vilãs da história. Porém, como já vimos antes, a maioria dos micro-organismos nos auxiliam numa vida mais saudável (Procure na tag micro-organismo do nosso Blog e saiba mais sobre quem são os micro-organismos do bem). Hoje, vamos falar sobre as bactérias encontradas na natureza que comem plástico. Ficção ou realidade?
No ano passado, um grupo de pesquisadores japoneses do Instituto de Tecnologia de Kyoto e da Universidade de Keio descobriu uma espécie de bactéria que se alimentam de plástico. Essas bactérias são capazes de quebrar as ligações moleculares de um dos tipos de plásticos mais utilizados nas ultima décadas, o polietileno tereftalato, mais conhecido como PET.
A descoberta foi publica em uma das revistas mais importantes sobre ciência, a Science, e repercutiu no mundo todo. Para descobrir tal bactéria, os pesquisadores coletaram 250 amostras de PETs em um local de reciclagem no Japão. Eles selecionaram micro-organismos que viviam nas amostras coletadas para tentar encontrar alguma que se alimentasse do plástico. Após uma série de testes e análises, eles identificaram uma espécie de bactéria que se alimenta de PET e a chamaram de Ideonella sakainesis.
Na prática, essas bactérias produzem duas enzimas que provocam uma reação química que degrada o PET. A teoria defendida por eles mostra que essas enzimas podem ter evoluído especificamente para quebrar o PET, como resposta ao acúmulo de plástico no meio ambiente que vivem, principalmente nos últimos 70 anos. Porém, a nova espécie de bactéria descoberta é seletiva na sua alimentação. Estudos preliminares apontam que o plástico PET misturado com outros compostos não é degradado por essas bactérias.
Os cientistas acreditam que uma colônia dessa bactéria consiga, em seis semanas, há uma temperatura próxima de 30°C, comer uma folha fina de PET. Quando comparamos esse valor com o tempo que esse material demora para ser degradado pelo meio ambiente, no mínimo um século, vemos a importância desse tipo de descoberta.
Se considerarmos a quantidade de PET produzida pelo mundo atualmente, percebemos que esses valores ainda não bastam para resolver o problema da poluição. Porém, essa descoberta é um importante passo na busca da ciência por soluções que ajudem a prevenir e remediar danos à natureza.
As perspectivas para a ciência são enormes. Até pouco tempo, imaginar a possibilidade de descobrir uma bactéria que fosse capaz de degradar plástico era coisa de filme de ficção científica. As pesquisas em biorremediação estão crescendo cada vez mais e mostrando um caminho para o ser humano conseguir conviver em harmonia com a natureza. Mas temos que tomar cuidado em não achar que os micro-organismos são a solução de todos os nossos problemas. O consumo consciente, a reciclagem e a biorremadiação, juntas, podem tornar o nosso planeta um lugar melhor para morar. Afinal, o futuro é reflexo do agora!
Por Nathalia Brancalleão
e-mail: na_brancalleao@hotmail.com
Referência Bibliográfica
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