O número de pessoas com câncer no mundo cresceu 20% nos últimos 10 anos. Só aqui no Brasil, estima-se que foram mais de 570 mil novos casos entre 2014 e 2015. Os cânceres de pele do tipo não melanoma lideram a lista de novos casos, onde estima-se o aparecimento de 182 mil novos casos, acometendo homens e mulheres.
Os principais tipos de câncer de pele são: Melanoma, Carcinoma basocelular e Carcinoma espinocelular (ou epidermoide). Os carcinomas são conhecidos como câncer de pele não melanoma, que são os mais frequentes tipos de câncer, sendo o melanoma o mais raro.
Nossa pele é o maior órgão, em extensão, do corpo humano. Ela é formada por diferentes camadas de células: Epiderme, Derme e Hipoderme. Estas camadas ficam expostas de formas diferentes aos raios solares, como pode ser visto na figura ao lado.
O câncer surge pelo crescimento e desenvolvimento anormal e descontrolado das células que compõem nossa pele, podendo desenvolver-se em qualquer uma das camadas que a formam. A radiação ultravioleta é considerada a principal responsável pelas alterações no processo celular.
Então, como medida preventiva, utilizamos os protetores solares contra os raios ultravioletas, certo? Mas um estudo publicado dia 20 de fevereiro na Science (http://www.sciencemag.org/content/347/6224/842) revelou que a ação dos raios ultravioletas pode persistir por mais de 3 horas após à exposição ao sol. Desta forma, os cremes protetores que utilizamos nos protegem parcialmente dos efeitos destes raios.
Mesmo depois da exposição ao sol, o processo de degradação do DNA pode continuar, pois a melanina (proteína que dá cor a nossa pela) ao ficar exposta a luz solar pode fragmentar-se e formar um composto químico muito reativo (uma cetona triplete). Este composto pode transferir energia ao DNA das células, induzindo a formação de dímeros de timina e citosina (compostos químicos com duas unidades formados por timina e citosina – componentes básicos do DNA) que são os responsáveis pela destruição parcial do DNA das células, fato que facilita o desenvolvimento anormal das células. Este fenômeno é chamado de fotoquímica no escuro, que tem a capacidade de ampliar as reações lesivas ao DNA iniciadas pela radiação ultravioleta.
O estudo revelou a importância do desenvolvimento de novas formulações que sejam capazes de impedir a formação desses compostos lesivos ao DNA, mesmo após a exposição ao sol. Uma possibilidade apresentada pelo estudo é o uso de acido sórbico, um aditivo de alimentos, que ainda esta sendo testado e avaliado quanto a sua eficácia, dosagem e possibilidade de uso. Acredita-se que este aditivo tenha a capacidade de evitar a formação dos dímeros, responsáveis pela destruição do DNA.
Temos que ficar ainda mais atentos com os cuidados à exposição ao sol. Por enquanto, podemos contar apenas com os protetores solares comuns e não podemos nos esquecer deles! Apesar da incidência elevada, o câncer da pele não melanoma tem baixa letalidade e pode ser curado com facilidade se detectado precocemente. Por isso, examine regularmente sua pele e procure imediatamente um dermatologista caso perceba pintas ou sinais suspeitos. Para maiores informações sobre a doença acesse: http://www.sbd.org.br/acoes/programa-nacional-de-combate-ao-cancer-da-pele/
Jaqueline R. de Almeida
Fale com a pesquisadora: jaqueline.raquel.almeida@usp.br