Todas as características que possuímos – desde a cor dos nossos olhos até a propensão ao desenvolvimento de doenças – são determinadas pelo material genético de cada individuo, ou seja, pelo DNA.
Aprendemos que o DNA é uma estrutura em dupla hélice, presente no núcleo de nossas células, com a capacidade de comandar o funcionamento da célula e, em conjunto, de todo o organismo.
Essa dupla hélice nada mais é que um par de filamentos formado por estruturas chamadas de nucleotídeos, que são representados pelas letras A, T, C, G, como pode ser observado na imagem ao lado.
Embora a estrutura do DNA de dupla hélice seja aceita pelos cientistas, ainda existem mistérios sobre essa estrutura, que continua a ser estudada. O pesquisador brasileiro do Instituto de Biociências da USP (IB – USP) Eduardo Gorab trabalha há anos em pesquisas para comprovar a existência da tripla hélice de DNA (para saber detalhes sobre sua pesquisa acesse: http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2013/05/063-065_Helice_207.pdf?06a81b).
Recentemente, este pesquisador brasileiro, em parceria com pesquisadores europeus, publicou um artigo no periódico “Nature Communications” onde descrevem a presença de regiões de tripla hélice formada pela dupla hélice de DNA e uma longa fita de RNA.
O RNA é uma fita simples (como pode ser vista na primeira figura da imagem), também formada por nucleotídeos, com uma diferença em relação ao DNA: o nucleotídeo denominado T é substituído pelo U no RNA. Sua síntese ocorre utilizando como molde uma fita de DNA através de um processo conhecido como transcrição. O RNA é o responsável por executar as “ordens” do DNA, uma vez que apenas o primeiro pode sair do núcleo celular.
Mas além de cumprir as ordens do DNA, ou seja, controlar a produção de proteínas e controlar todos os processos celulares, o RNA pode assumir outros papéis, como é o caso dos microRNAs, que não codificam proteínas (você pode saber mais sobre eles aqui: http://cienciainformativa.com.br/pt_BR/os-micrornas/).
Os pesquisadores descobriram que os chamados LncRNAs, que são longos RNAs que não estão envolvidos na produção de proteínas, podem se conectar a regiões de dupla hélice de DNA, formando a estrutura da tripla hélice. A ligação de um RNA longo, aparentemente causa um silenciamento dessa região do DNA, ou seja, esse fragmento funciona como um botão de “liga/desliga” de regiões específicas do DNA.
Essa descoberta ainda esta sendo estudada pelos pesquisadores, mas acredita-se que este seja um processo responsável pelo silenciamento de muitos genes importantes. O conhecimento desse processo pode ser importante para o desenvolvimento de tratamentos contra certas doenças, podendo ocorrer o desligamento de genes que levam ao desenvolvimento de doenças.
Por Jaqueline Almeida
Referências
http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2013/05/063-065_Helice_207.pdf?06a81b