O número de casos de febre amarela registrados no Brasil de junho de 2016 a janeiro de 2018 foi de 907, sendo 314 casos fatais. É o maior número de casos registrados da doença dos últimos 70 anos, de acordo com os dados do Ministério da Saúde.
Desde 1942, nenhum novo caso da doença foi registrado como transmissão urbana, ou seja, todos os casos registrados foram contraídos em ambientes de mata ou próximo a elas. No entanto, a febre amarela é uma doença que gera grande preocupação por poder ser transmitida em áreas urbanas pelo mosquito Aedes aegypti, espécie muito adaptada ao país e o mesmo vetor de outras graves doenças – como a dengue e a febre chikungunya.
A febre amarela é uma doença transmitida por um vírus, que é classificado como um arbovírus – vírus transmitidos por vetores artrópodes hematófagos (como os mosquitos que se alimentam de sangue). Esse vírus tem como hospedeiros animais vertebrados, como macacos e o homem. Um estudo recentemente publicado na revista Emerging Infectious Diseases, por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), demonstrou a presença do material genético do vírus na urina e no sêmen de um paciente de 65 anos de São Paulo. O vírus foi detectado 15 e 25 dias após o surgimento dos sintomas iniciais de febre amarela. Essa descoberta chama a atenção de médicos e pesquisadores pois, apesar de ser uma doença conhecida há muito tempo, seu ciclo ainda não foi completamente compreendido.
A principal medida de controle da doença adotada no Brasil é a vacinação da população, principalmente nas regiões classificadas como de alto risco pelo ministério da saúde, você pode ver todas as cidades onde há recomendação de vacinação no site do ministério da saúde, aqui. A vacina contra a febre amarela é produzida no Brasil desde 1937, sendo considerada como altamente eficiente. Maiores detalhes da doença, bem como o ciclo do vírus, podem ser vistas no texto publicado anteriormente aqui no nosso site, aqui.
Acho importante ressaltar que apesar de não haver registros sobre a transmissão da doença em regiões urbanas, o controle do mosquito transmissor é de fundamental importância! Da mesma forma, é muito importante haver a vacinação da população que vive nas áreas consideradas de alto risco, além de compreender que os macacos são apenas vitimas do vírus assim como nós.
Por Jaqueline R. de Almeida
Referencias
Elton Alisson, 2018. Vírus da febre amarela é detectado em urina e sêmen quase um mês após a infecção. Pesquisa Fapesp, 16:29.
Barbosa, M. C. et al. 2018. Yellow fever vírus DNA in urine and semen of convalescent patient, Brazil. Emerging Infectious Disease, 24:1.
Marcos Pivetta, 2017. A ameaça da febre amarela. Pesquisa Fapesp, 253.