Você acredita em Pé Grande, Yeti ou monstro do lago Ness? A maior parte da comunidade cientifica evita tópicos como esse, mas alguns grupos de pesquisadores tentaram colocar à prova a existência de alguns desses seres utilizando o método científico.

Muitos cientistas dedicam suas vidas a descrever a vida na Terra. Entretanto, o interesse nos seres vivos e a curiosidade a respeito dos “mistérios da natureza” não ficam restritos aos cientistas. Às vezes, essa curiosidade associada à imaginação e às lendas levam à crença em serem fantásticos, como o Yeti no Himalaia e o Pé Grande na América do Norte. Ambos são considerados como potenciais primatas gigantes que vivem escondidos nas florestas ou nas montanhas. Existem pessoas que clamam já terem visto esses seres ou encontrado registros de possíveis pegadas, e até de presença de pelos ou cabelo em armadilhas.

Vamos conhecer algumas histórias de pesquisadores que usaram ciência para tentar identificar alguns seres misteriosos.

Em 2005, nove pessoas de Yukon, território do Canadá, alegam terem visto um grande animal bípede movendo-se pelos arbustos. Na manhã seguinte, foi encontrado um tufo de pelos pretos e grossos e uma enorme pegada com 43 cm de comprimento e 11,5 cm de largura. Pesquisadores da Universidade de Alberta compararam o DNA dos pelos com um grande banco de dados de DNA. Os resultados indicaram que o DNA encontrado coincidiu com as sequências de DNA de bisão do banco de dados. Os cientistas apresentaram duas possíveis explicações para isso. A primeira, é que o animal que alegam ser o Pé Grande é um parente próximo do bisão, que tem uma morfologia parecida com a de um primata (veja a imagem de um bisão abaixo). A segunda, e muito mais provável, é que o tufo de pelos veio mesmo de um bisão. Não há como saber exatamente o que essas nove pessoas viram nos arbustos, mas os pelos não eram de Pé Grande. [1]

Bisão americano. Fonte: Agricultural Research Service
Bisão americano. Fonte: Agricultural Research Service

Em 2012, o Museu de Zoologia de Lausanne e a Universidade de Oxford solicitaram amostras de pelos de potenciais Pés Grandes ou Yetis para qualquer um interessado em provar que esses seres existem. Das 57 amostras recebidas, 30 tiveram o DNA sequenciado e comparado com um banco de dados internacional, chamado GenBank. Essas amostras foram selecionadas por serem realmente fibras animais (e não fibras de plantas ou de vidro) e com base em seu local de origem e valor histórico. As 30 amostras foram identificadas como mamíferos, sendo um humano, dez ursos (polares, pardos ou pretos), 4 cavalos, 4 vacas, 4 cachorros (ou lobos), 2 guaxinins, uma anta, uma ovelha, um porco-espinho, um serow (parente do antílope e da cabra) e um cervo. Nenhuma das amostras veio de algum animal desconhecido.

Os próprios autores do estudo lembram que “ausência de evidências não é evidência de ausência”. Isso quer dizer que todos os estudos mostram que não existem provas da existência do Pé Grande e do Yeti, mas isso não prova que eles não existem. Pessoas que acreditam na existência dessas criaturas vão continuar procurando por provas e a ciência agora tem uma ferramenta que pode testar as futuras alegações de provas.

Gostou desse tema? Tem sugestões de outros temas? Escreva um comentário ou mande um e-mail pra gente (cienciainformativa@gmail.com) e nos diga quais são as suas curiosidades sobre a ciência!

por Patricia Sujii

sujiips@gmail.com

Referências:

[1] Coltman, D., & Davis, C. (2006). Molecular cryptozoology meets the Sasquatch. Trends in ecology & evolution, 21(2), 60-61.

[2] Sykes, B. C., Mullis, R. A., Hagenmuller, C., Melton, T. W., & Sartori, M. (2014, August). Genetic analysis of hair samples attributed to yeti, bigfoot and other anomalous primates. In Proc. R. Soc. B (Vol. 281, No. 1789, p. 20140161). The Royal Society.

Imagem destacada: Philippe Semeria

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