A tilápia (Oreochromis niloticus), comumente chamada de Saint Peter, é o peixe mais cultivado no Brasil. Ela é originária do Rio Nilo, na África, e foi trazido para o Brasil em 1980 pela empresa Aquaculture Production Technology (APT).

Dentro da espécie Oreochromis niloticus existem diferentes variedades de coloração da escama. As que apresentam a coloração preta com listras mais escuras são consideradas selvagens, enquanto que as de coloração avermelhada recebem o nome de Saint Peter. Porém, essa diferença de coloração na escama não afeta nem a cor, muito menos o sabor do filé do peixe.

Em 2000, uma nova variedade de tilápia foi trazida para o Brasil, importada da Universidade de Stirling do Reino Unido, a chamada Red-Stirling. Essa variedade não possui coloração preta selvagem, apresentando-se visualmente mais atraente aos consumidores. Com sua chegada, iniciou-se um programa de melhoramento da variedade, através do seu cruzamento com tilápias de coloração preta, que já se apresentavam adaptadas às condições climáticas do Brasil. Isso resultou em um peixe geneticamente melhorado. E o melhoramento da tilápia não parou por aí. Além da adaptação ao clima e à coloração, houve uma diminuição no tempo de ganho de peso da espécie. Em 1980, a tilápia atingia o peso de 500 gramas em seis meses de cultivo, enquanto hoje, no mesmo período o peso atingido é de 850 gramas.  Porém o melhoramento já realizado ainda está longe dos resultados alcançados como o melhoramento do salmão, onde foi possível dobrar o tamanho do peixe.

Para alcançar um melhoramento eficiente das variedades de tilápia, muitas pesquisas estão sendo realizadas. Um exemplo é o caso da utilização de marcadores moleculares na Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), que visam encontrar regiões no genoma do peixe que estejam diretamente relacionadas a produtividade, ou seja, genes (ou conjunto de genes) que estão presentes em peixes que apresentam as características de interesse.

Além dos trabalhos diretamente relacionados com a seleção genética, outros buscam melhorar a alimentação e a saúde dos animais, que também refletem diretamente na produtividade final. Um exemplo é a vacina desenvolvida na Unesp Jaboticabal, contra a bactéria Streptococcus agalactiae, que provoca alterações na pele do peixe, além de alterações neurológicas, podendo levar a mortandade de até 90% da produção na idade pré-comercialização.

Outro trabalho que está sendo desenvolvido no Instituto de Pesca de São Paulo busca melhorar a adição de probióticos (bactérias e/ou leveduras) à ração dos animais, buscando assim aumentar sua imunidade e reduzir a taxa de infecção por doenças, como já é realizado em criações de aves e suínos.

Esses são apenas alguns exemplos de trabalhos que estão sendo realizados em busca de uma maior eficiência na produtividade. Por isso, sempre que comer um filé pense em quanta genética e melhoramento há por trás dele.

Por Jaqueline Almeida

Jaqueline.raquel.almeida@usp.br

Referencia

http://revistapesquisa.fapesp.br/2016/11/18/a-vez-da-tilapia/

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