O time de pesquisadores que fez o estudo do qual comentamos (reveja aqui nosso texto) já sabia que as pessoas tendem a responder de maneira diferente quando recebem informações “positivas” ou “negativas” a respeito dos seus riscos genéticos. Por exemplo, quando é dito para idosos que eles possuem genes que são relacionados ao surgimento do Mal de Parkinson, eles passam a exibir comportamentos de estresse. Isso ocorre pois a má notícia influencia seu mindset, que é o conjunto mental de uma pessoa, que possui orientações para expectativas e respostas ao ambiente e outros estímulos. Um mindset (ou simplificando, mente) influenciado pode desencadear respostas fisiológicas diversas, positivas ou negativas.

A pesquisa que é o tema desse texto investigou como receber uma informação pessoal sobre um caráter genético pode influenciar as respostas fisiológicas e comportamentais de alguém. No caso, o estudo focou nos alelos (variantes) de um gene relacionado ao fitness (desempenho) em exercícios de corrida (mais especificamente o gene CREB1 e seus dois alelos, relacionados à capacidade aeróbica) e os parâmetros fisiológicos respectivos (respiração, batimentos cardíacos, etc).

Para isso os pesquisadores realizaram um ensaio-cego (ou seja, no qual os participantes não sabiam o real objetivo) em 4 etapas (figura 1), que comentamos no primeiro texto dessa série:

Os pesquisadores perceberam que – independentemente do alelo que os participantes realmente possuíam – aqueles que receberam a informação de que apresentavam o alelo relacionado a um baixo desempenho aeróbico, se sentiram mais cansados e tiveram desempenho pior no teste de esteira.

Um dos resultados que mais surpreendeu foi que os indivíduos que receberam a informação de que possuíam o alelo relacionado ao baixo desempenho aeróbico correram cerca de 20 segundos a menos do que quando não tinham essa informação (no primeiro teste de esteira).

Isso mostra como a informação genética pode impactar o desempenho de uma pessoa, independentemente de seu real conjunto genético. O que essa pesquisa nos traz de ensinamentos? Como lidar com essas informações? Na próxima semana vamos entender melhor sobre esse contexto!

 

Até a próxima

Por Equipe Ciência Informativa

 

Referências

[1] Turnwald et al. (2018). Learning one’s genetic risk changes physiology independent of actual genetic risk. Nature Human Behaviour . doi:10.1038/s41562-018-0483-4

[2] Kayser, J. (2018). Just thinking you have poor endurance genes changes your body. Acessado de https://www.sciencemag.org/news/2018/12/just-thinking-you-have-poor-endurance-genes-changes-your-body em dezembro de 2018

[3] Imagem em destaque: https://www.google.com/url?sa=i&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwjMm8-X-JrfAhWHIJAKHZ0jC3YQjRx6BAgBEAU&url=https%3A%2F%2Fwww.thermofisher.com%2Fblog%2Fbiobanking%2Fnext-generation-dna-sequencing-predictive-biomarkers-for-cancer-treatment%2F&psig=AOvVaw1Tuu1dPDRvyMvAtA8utMK9&ust=1544726317849944

[4] Meyaln, C. (sem data) The impact of genetics on insurers: part 2. Acessado de  https://www.synpulse.com/en/publications/article-en/29-01-18-impact-of-genomics-on-insurers-part-2

[5] Wetterstrand KA. DNA Sequencing Costs: Data from the NHGRI Genome Sequencing Program (GSP). Disponível em: www.genome.gov/sequencingcostsdata. Acessado em janeiro de 2019

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