Atire a primeira pedra quem nunca procrastinou!

Deixar alguma tarefa para depois é uma ação muito comum para alguns, menos frequente para outros e isso não necessariamente é um problema. Existem pessoas que postergam ao máximo várias das tarefas na vida e não têm problemas. Entretanto, em alguns casos, a procrastinação pode estar intimamente relacionada com a ansiedade e pode gerar diversos efeitos negativos para a saúde e para o desempenho da pessoa. Vamos entender melhor alguns desses casos neste texto.

Em um trabalho que discute “Por que não procrastinar?”, os pesquisadores Jin Choi, da Universidade de Seul, e Sarah Moran, da universidade McGill no Canadá, defendem que existem dois tipos de procrastinação: ativa e passiva. A procrastinação ativa é aquela em que a pessoa têm bom controle do seu tempo e que trabalha bem sob a pressão de prazos, portanto, postergar a atividade é uma escolha. Na procrastinação passiva, a pessoa tem dificuldade em controlar e organizar o tempo disponível e não confia que conseguirá cumprir a tarefa de forma satisfatória. Portanto, na procrastinação passiva, a pessoa adia a atividade sem controle. Os dois tipos de procrastinação podem estar associados a ansiedade, mas na procrastinação passiva, é mais comum existirem níveis de ansiedade problemáticos.

Adiar o início de tarefas é muito comum entre estudantes. Os pesquisadores Gabriela B. Geara, Nelson H. Filho e Marco Antônio P. Teixeira realizaram um estudo em universidades do Rio Grande do Sul que demonstrou que mais da metade dos estudantes entrevistados quase sempre procrastinam para estudar, fazer trabalhos e exercícios. Eles também investigaram as principais causas para a procrastinação. Eles classificaram os fatores em dois grupos: fatores associados a desmotivação (preguiça, cansaço, falta de tempo) e fatores associados à ansiedade (medo de não conseguir um bom resultado, sentimento de incapacidade, perfeccionismo). Entre as tarefas acadêmicas, a que é mais frequentemente procrastinada pelos estudantes é o estudo diário, o que muitas vezes prejudica o desempenho do aluno.

As provas e outras atividades avaliativas são grandes causadoras de ansiedade entre estudantes. Um grupo de pesquisadores de universidades da Indonésia investigaram a relação entre procrastinação e a ansiedade associada a provas. Essa ansiedade, além de poder prejudicar a saúde do estudante, também pode interferir em seu desempenho acadêmico. Eles discutem que muitos alunos evitam tarefas que consideram difíceis ou temem falhar em sua execução, por isso costumam procrastinar com maior frequência. Essa procrastinação resulta em menos tempo de estudo e acúmulo de material a ser estudado, o que costuma levar a um maior grau de ansiedade nas provas e pior desempenho. Isso gera um ciclo perigoso. Então, alunos que são menos confiantes no seu sucesso acadêmico são os que mais procrastinam. Uma maneira de quebrar esse ciclo é melhorar o controle da organização de tempo e a confiança do aluno em alcançar os seus objetivos.

Então, se você é um procrastinador e quer deixar de ser, comece dando pequenos passos, definindo pequenas metas a serem alcançadas, em vez que querer resolver todo o problema de uma vez. Alcançar cada pequeno objetivo vai te fazer se sentir mais confiante, diminuir sua ansiedade e, talvez, diminuir a procrastinação. E claro, sempre que possível, procure um profissional para te ajudar!

por Patricia Sujii

sujiips@gmail.com

Referências

Ariani, D. W., & Susilo, Y. S. (2018). Why Do It Later? Goal Orientation, Self-efficacy, Test Anxiety, on Procrastination. Journal of Educational, Cultural and Psychological Studies (ECPS Journal), (17), 45-73.

Choi, J. N., & Moran, S. V. (2009). Why not procrastinate? Development and validation of a new active procrastination scale. The Journal of social psychology, 149(2), 195-212.

Geara, G. B., Hauck Filho, N., & Teixeira, M. A. P. (2017). Construção da escala de motivos da procrastinação acadêmica. Psico, 48(2), 140-151.

Zeidner, M. (2010). Test anxiety. The Corsini encyclopedia of psychology, 1-3.

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