A doença de Alzheimer causa perda gradual de memória e de outras habilidades cognitivas como capacidade de locomoção e de raciocínio. A longo prazo, também pode levar a alterações de humor e comportamento; confusão mental com relação a lugares, datas, pessoas e até dificuldades de realizar atividades simples e cotidianas – como usar o microondas ou mesmo conversar. O tipo mais comum dessa doença é o Alzheimer de início tardio, que afeta pessoas com 65 anos de idade ou mais velhas.

Essa doença vem sendo intensamente estudada, mas ainda não tem cura, nem um tratamento realmente eficaz. Existem tratamentos que melhoram a qualidade de vida da pessoa afetada pela doença, mas a perda de memória ainda é irreversível.

Pesquisadores de diversas universidades da China e uma do Reino Unido vêm desenvolvendo um estudo que parece ser uma luz no fim do túnel para aqueles que sofrem com a doença de Alzheimer [1]. Ainda não se sabe exatamente o que causa a doença, mas sabe-se que pessoas com Alzheimer de início tardio têm um acúmulo de proteínas no cérebro, as chamadas placas amiloides. Também já foi observado, em estudos anteriores, que um tipo de molécula chamada IL-33 é muito menos abundante em cérebros de pessoas com Alzheimer do que em pessoas saudáveis [2]. Então, esses pesquisadores investigaram se seria possível reduzir as placas amiloides do cérebro usando injeções de IL-33.

Neurônios de um cérebro saudável à esqueda e neurônios com placas amiloides à direita.
Neurônios de um cérebro saudável à esquerda e neurônios com placas amiloides à direita.

O estudo foi realizado em ratos que tinham acúmulo de placas amiloides no cérebro e sintomas de Alzheimer. Os cientistas observaram que a injeção de IL-33 nos ratos foi capaz de diminuir a quantidade de placas amiloides no cérebro dos animais. Eles também identificaram que houve uma reversão da perda cognitiva e de memória nos tratados com o IL-33. Além disso, o IL-33 não causou danos à saúde geral dos ratos tratados.

Portanto, eles concluíram que injeções de IL-33 têm potencial para serem usadas como uma nova intervenção terapêutica para doença de Alzheimer. Ainda são necessários testes em humanos para verificar se o efeito é o mesmo que em ratos. Também será necessário fazer estudos sobre a dosagem adequada para tratamento em humanos. Após esses novos estudos, talvez tenhamos um tratamento para essa doença que provoca tanto sofrimento no doente e nas pessoas próximas.

por Patricia S. Sujii

sujiips@gmail.com

Referências
[1] Fu, A. K., Hung, K. W., Yuen, M. Y., Zhou, X., Mak, D. S., Chan, I. C., … & Ip, N. Y. (2016). IL-33 ameliorates Alzheimer’s disease-like pathology and cognitive decline. Proceedings of the National Academy of Sciences, 201604032.
[2] Chapuis, J., Hot, D., Hansmannel, F., Kerdraon, O., Ferreira, S., Hubans, C., … & Ayral, A. M. (2009). Transcriptomic and genetic studies identify IL-33 as a candidate gene for Alzheimer’s disease. Molecular psychiatry, 14(11), 1004-1016.

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