Pesquisadores do Departamento de Engenharia de materiais da UFSCar desenvolveram um novo vidro para ser utilizado na superfície de implantes dentários e ortopédicos o chamado Biovidro. Esse novo material bioativo é composto por sílica, cálcio, sódio, potássio, magnésio e fósforo, os mesmos materiais encontrados no vidro comum, sua grande diferença consiste em suas propriedades de acelerar a formação de tecido ósseo, controlar inflamações e a capacidade de facilitar a formação de vasos sanguíneos.

Superfície de titânio recoberto com biovidro. Foto: C.R. Chinaglia em agência FAPESP

 

A bioatividade de um material é medida indiretamente pela capacidade desse material de reagir com fluidos corpóreos, com água, suor, plasma, saliva e diretamente por sua capacidade de formar a chamada hidroxipatita, um componente natural dos ossos e dos dentes, que possui propriedades de biocompatibilidade e bioatividade e portanto, favorece o crescimento ósseo [1]. A formação dessa camada funciona como uma cola natural, deixando de lado a necessidade de utilização de colas artificiais em locais de implantes e em alguns casos até mesmo pode substituir a utilização de pinos.

O biovidro foi desenvolvido no Centro de Ensino, Pesquisa e Inovação em Vidros (CeRTEV) – um do Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs), financiados pela FAPESP. O material já passou por teste in vivo em animais e os resultados indicaram que a fase inicial de osseointegração de implantes dentários com a superfície coberta pelo novo biovidro foi até uma vez e meia vezes mais rápida em comparação à implantes sem a superfície coberta pelo material, confirmando sua capacidade de acelerar o processo de regeneração de massa óssea e consequentemente a ligação dessas próteses com o tecido ósseo.

Além de ser utilizado na forma de pó para recobrir implantes dentários e ortopédicos, esse material que é o único biovidro flexível já produzido, também pode ser utilizado para implantes de ossículos artificiais do ouvido médio e em próteses oculares – em substituição dos antigos olhos de vidro – que se cola aos nervos óticos, conseguindo desta forma que o olho, mesmo sem exercer sua função, seja movimentado da mesma forma que o olho natural.

A principal diferença entre esse novo biovidro e os primeiros desenvolvidos na década de 1960 está em alguns elementos químicos que impedem sua cristalização e o tornam capaz de eliminar bactérias (ação anti-bactericida).  Além disso, através de manipulações na constituição química do material, os pesquisadores brasileiros são os primeiros no mundo a conseguirem desenvolver fibras bioativas longas e flexíveis, que podem ser utilizadas para aplicação sobre lesões da pele, lesões ósseas, e também para a fabricação de microtúbulos que facilitam o processo de regeneração de nervos periféricos [2]. 

Uma outra grande vantagem da utilização desse material é sua porosidade, que permite o crescimento do tecido ósseo, além de estimular sua regeneração. Além disso, a presença de bactericidas na fase inicial do processo de regenerativo é fundamental, pois um processo infeccioso causado por bactérias pode causar mudanças no pH e na temperatura do local da cicatrização, prejudicando o processo de osseointegração.  

O próximo passo é iniciar os testes em humanos em parceria com empresas interessadas na nova tecnologia e esperar a confirmação dos resultados desse produto que promete revolucionar o mundo das próteses!  

Para saber mais sobre a pesquisa acesse:

http://cepid.fapesp.br/centro/16/

http://agencia.fapesp.br/videos/#x9ClPf1Amh0

 

Por Jaqueline Almeida

jackalmeidajau@hotmail.com

 

Referências

[1] http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0912570_2011_cap_2.pdf

[2] http://agencia.fapesp.br/videos/#x9ClPf1Amh0

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