As tecnologias para alterar o DNA e curar doenças genéticas estão sendo desenvolvidas, mas ainda não estão disponíveis. Desta forma, o tratamento de doenças cuja causa encontra-se na deficiência da produção de proteínas no organismo, como é o caso da diabetes e fibrose cística, consiste na produção, em laboratório, dessas moléculas.

Uma tecnologia muito utilizada para produção de proteínas em laboratório é chamada tecnologia do DNA recombinante. Essa tecnologia permite que “pedaços de DNA” de uma espécie sejam inseridos no genoma de outra espécie, possibilitando a produção de proteínas que podem ser usadas no tratamento de doenças ou distúrbios metabólicos. Essas moléculas levam o nome de biofármacos.

A maior parte da insulina usada para tratamento de diabetes em humanos é feita por meio da inserção de DNA humano em bactérias ou leveduras. Essa técnica foi desenvolvida na década de 1970 e vem sendo aperfeiçoada desde então. Outras doenças e distúrbios metabólicos também podem ser tratadas hoje graças aos biofármacos, entre eles podemos citar a obesidade, a hipoglicemia, a anemia renal, os distúrbios de coagulação sanguínea, a hemofilia A e alguns tipos de câncer como melanoma, câncer de mama e colo-retal.

Dos biofármacos produzidos atualmente, 24% (94 proteínas) são usadas no tratamento de tumores. A maior parte ajuda a atenuar efeitos colaterais do tratamento do câncer, como anemia e baixa produção de glóbulos brancos. Os biofármacos produzidos para o tratamento de tumores podem ser produzidos por bactérias, fungos e células de outros mamíferos cultivadas em laboratório.

O sucesso dessa tecnologia se dá pela capacidade dos microrganismos sintetizarem uma grande quantidade de moléculas com alta precisão, de forma segura e sustentável. Entre os microrganismos mais usados estão a bactéria Escherichia coli e a levedura Saccharomyces cerevisiae. Outras plataformas de produção de proteínas envolvem o uso de bactérias Gram-positivas como Bacillus megaterium e Lactococcus lactis, fungos filamentosos como Trichoderma reesei, musgos como Physcomitrella patens e até protozoários como a Leishmania tarentolae.

Até 2015, quando foi feita a última revisão sobre o assunto, existiam mais de 400 proteínas produzidas utilizando essa tecnologia, sendo que outras 1300 ainda em fase de testes. Destas, 50% estão em fase de teste pré-clínico e 33% em fase de testes clínicos. Apesar da aprovação desses biofármacos não ser garantida, existe um futuro promissor e o desenvolvimento dessas tecnologias devem continuar a permitir a produção de cada vez mais fármacos que podem melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Quer saber mais sobre a tecnologia do DNA recombinante? Veja este vídeo que explica o mecanismo molecular dessa tecnologia: https://www.youtube.com/watch?v=PmM6jQ2wl5A

por Patricia S. Sujii

sujiips@gmail.com

Referência:
Sanches-Garcia et al. 2016. Recombinant pharmaceuticals from microbial cells/ a 2015 update

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