O nosso Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro, superado em área apenas pela Amazônia, ocupando 21% do território nacional. O clima dessa região é estacional, onde um período chuvoso, que dura de outubro a março, é seguido por um período seco, de abril a setembro. A precipitação média anual é de 1.500 mm e as temperaturas são amenas ao longo do ano, entre 22 e 27 °C em média.
Os remanescentes de Cerrado que existem nos dias de hoje desenvolveram-se sobre solos muito antigos, intemperizados, ou seja, sofreram degradação através de fenômenos químicos e físicos, sendo empobrecidos de nutrientes, mas que possuem grandes quantidades de alumínio. Esta característica é prejudicial, pois tem ação toxicante nas plantas. A presença do fogo tornou-se um evento comum no Cerrado brasileiro devido à causas naturais, a qual, com o período de seca aumenta a incidência dos raios solares e a perca das folhas da vegetação; e devido à atividade humana como limpeza de lotes e lavouras.
A maior incidência de focos de calor ou inicio de queimadas ocorre no período de junho a outubro pelo aumento da seca, sendo que no ano de 2009 foram registradas 8113 queimadas e no ano de 2010, houve 39440 registros. Através do satélite “Aqua tarde” foi possível verificar os registros de foco de calor e queimada do cerrado brasileiro durante 10 anos (2004 a 2013) (figura 1).
Entre os anos estudados, 2007 foi o que teve maior índice de focos e queimadas e, segundo o IBGE, entre 2002 a 2008 mais de 85000 km2 de cobertura vegetal foram desmatadas no cerrado. Entre os meses de maio a setembro do ano de 2007 não foram registrados nenhum milímetro de chuva na estação pluviométrica de Balsas no maranhão localizada na região central. Já 2013 foi o ano com menor incidência de queimadas devido às unidades de conservação terem adotado estratégias de combate ao fogo envolvendo adoção de parceria publica e reservas particulares (figura 2).
O Maranhão foi o estado brasileiro com o maior número de focos de calor, por conta de o estado utilizar da agricultura familiar caracterizada pela derrubada e queima da vegetação. Por conta de o Mato Grosso possuir 20 municípios que apresentam mais focos de calor, foi criado o Comitê do fogo com a proposta de orientar a população e os produtores rurais sobre os riscos do manejo inadequado do fogo.
Constatou-se que a Bahia apresentou os maiores valores na contagem de focos de calor, ou seja, o número de casos de inicio de queimadas. Esses focos podem estar diretamente relacionados à precipitação média anual na mesorregião e/ou ao uso do solo para fins de expansão agrícola. Já o Paraná possui grande quantidade de focos de calor, porém uma pequena parte de seu território esta localizado no bioma cerrado, o que explica a baixa média de focos de calor (figura 3).
Ainda é preciso criar estratégias contra focos de incêndio devido ao cerrado apresentar parques e reservas de grande extensão, que sofrem com incêndios causados tanto de forma natural como por acidente ou criminoso. Além disso, faz-se necessária a sensibilização da comunidade para que esta esteja presente nas ações de preservação do nosso cerrado por esse bioma ser de grande importância.
Por: Antonio Rodrigues da Cunha Neto
Contato: antoniorodrigues.biologia@gmail.com
Referências Bibliográficas:
PIROMAL, R. A. S; RIVERA-LOMBARDI, R. J.; SHIMABUKURO, Y. E.; FORMAGGIO, A. R.; TRHUG, T. Utilização de dados MODIS para a detecção de queimadas na Amazônia. ACTA AMAZÔNICA, vol. 38, p.77-84, 2008.
PEREIRA, A. A. Uso de geotecnologia para a detecção e análise de queimadas e focos de calor em unidades de conservação no norte de Minas Gerais. Lavras, UFLA: 2009.