Muitos pacientes com câncer desenvolvem a caquexia, uma síndrome que causa a perda contínua de apetite e de massa muscular. A ocorrência da caquexia é observada em 40% dos casos de câncer e em 80% dos casos de tumores malignos. Sua ocorrência não se limita apenas a pacientes com câncer, também afeta pessoas portadoras de Aids, insuficiência cardíaca e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

A caquexia gera alterações metabólicas que acabam por debilitar o paciente, dificultando assim o tratamento. Ela causa alterações no metabolismo de proteínas e de dois hormônios muito importantes para a regulação do metabolismo: a insulina, que permite a absorção de glicose do sangue para as células; e a leptina, o hormônio responsável por regular o apetite. Além disso, a região do sistema nervoso responsável pelo controle da sensação de fome, o hipotálamo, apresenta-se alterado na presença desta síndrome. Toda essa alteração metabólica gera um grande desequilíbrio no organismo, dificultando a resposta do organismo ao tratamento do câncer, levando assim a um favorecimento no crescimento dos tumores.

Uma medida que vem sendo estudada, como uma tentativa de evitar o desenvolvimento da caquexia em pacientes com câncer, é a realização de exercícios físicos durante o tratamento. Os médicos estão levando esteiras ergométricas para dentro dos hospitais e monitorando a resposta do paciente, frente a prática de exercícios. Os resultados têm demonstrado que a prática de atividades físicas pode reduzir os processos inflamatórios que levam a perda de peso e o desenvolvimento da caquexia.

Testes preliminares realizados com pacientes com câncer e caquexia, no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP), demonstraram aumento de massa muscular e de apetite nos pacientes que realizaram atividades físicas, além proporcionar uma melhor recuperação pós-operatória. Além disso, os níveis de proteínas que ativam as células de defesa anti-inflamatórias aumentaram nesses pacientes.

Utilizando modelos animais, a Professora Patrícia Chakur Brum, da Escola de Educação Física e Esporte da USP, observou que o grupo de ratos com tumor de Walker 256 (tumor de ação rápida, que induz a atrofia muscular) que realizava esteira diariamente apresentou uma sobrevida 31% maior, quando comparado ao grupo que não realizava exercícios.

Os resultados ainda são preliminares e precisam ser mais abrangentes para se chegar a um resultado conclusivo sobre a ideal intensidade, frequência e duração dos exercícios para auxiliar no tratamento do câncer. Mas uma coisa é clara, movimentar-se é muito importante para a manutenção de nossa saúde em qualquer fase da nossa vida!

Por Jaqueline Almeida

jaqueline.raquel.almeida@usp.br

Referencias

Beluzi, M. et alPioglitazone treatment increases survival and prevents body weight loss in tumor– bearing animals: Possible anti-cachectic effectPLoS One. V. 10, n. 3, p. 1-16. 2015.

Fioravanti, C. Magreza reversível. Pesquisa Fapesp, ed. 258. 2017.

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